Quinta-feira, 16 jul 2020 - 08h27
Por Maria Clara Machado
Os cientistas e pesquisadores estão preocupados com o rápido avanço das mudanças climáticas sobre a Sibéria. Os incêndios florestais no mês de junho superaram o recorde anterior de junho de 2019, resultado de meses com temperaturas acima da média e um inverno e uma primavera excepcionalmente fora do comum.
Imagem de satélite mostra no detalhe parte da Sibéria queimando no último dia 9 de junho. Os incêndios continuam ativos. Crédito: CopernicusEU De acordo com os cientistas não resta dúvida de que a frequência e intensidade das ondas de calor, dos incêndios e do degelo do permafrost ártico esteja relacionada às mudanças climáticas do planeta. Temperaturas acima da média vêm sendo registradas na região desde janeiro resultando num inverno e primavera atípicos, segundo as medições do Copernicus Climate Change Service (C3S). Apesar de não existirem muitas estações meteorológicas na Sibéria, temperaturas acima da média, em até 10°C acima do normal, foram observadas durante o mês de maio, sendo o mês mais quente já registrado pelo C3S. As pesquisas e observações de institutos de clima demonstram que os invernos russos estão ficando mais quentes e que a tendência de aquecimento do Ártico está duas vezes mais rápida que o restante do planeta. O clima mais seco e mais quente vem contribuindo para temporadas de incêndios florestais mais destrutivas na região, especialmente nos últimos dois anos. Focos de incêndio detectados pelos satélites Terra e Aqua da Nasa no leste da Sibéria dia 16 de julho de 2020. Crédito: Worldview/Nasa. A mesma imagem de satélite mostra a grande quantidade de fumaça sobre o leste da Sibéria neste 16 de julho de 2020. Crédito: Worldview/Nasa.
O Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo (ECMWF) estima que 100 megatons de CO2 tenham sido liberados por incêndios na República Sakha e Chukotka, sobre o Estreito de Bering, no Alasca, em junho. A metade dos incêndios ocorre em áreas turfeiras, que são mais difíceis de serem combatidas e liberam de 10 a 100 vezes mais carbono do que árvores em chamas, explicam os pesquisadores. Incêndios neste tipo de vegetação podem durar meses. Outro agravante: a maior parte da turfa queimada na região de Sibéria fica no permafrost, tipo de solo congelado abaixo da superfície, que cobre boa parte da região e está derretendo cada vez mais provocando alterações no meio ambiente. Os pesquisadores chamam a atenção também para a questão do derretimento do permafrost, que juntamente com a turfa em decomposição, libera gás metano, altamente tóxico. Combinado à fumaça dos incêndios florestais, pode intensificar a poluição do ar em diversas áreas e consequentemente as doenças respiratórias, explica Mark Parrington, cientista do Serviço de Monitoramento de Armosfera Copernicus. |
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