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Terça-feira, 6 ago 2024 - 09h28
Por Maria Clara Machado

Antártica vive onda de calor extraordinária e isso pode ter impacto no Sul do BR

Uma onda de calor de longa duração na Antártica preocupa e chama a atenção dos especialistas. As temperaturas do ar atingiram 24 graus acima da média no norte do continente, no momento em que deveria ser o pico do inverno na região.

Anomalia de temperatura na Antártica registrada em 29 de julho de 2024. Crédito: divulgação via X @Met4CastUK
Anomalia de temperatura na Antártica registrada em 29 de julho de 2024. Crédito: divulgação via X @Met4CastUK

Para os pesquisadores o que é preocupante não é tanto a intensidade desta onda de calor e sim a longa duração.

Especialistas afirmam que a Antártica está vivenciando um momento quase recorde, com a onda de calor abrangendo a Antártica Oriental, a maior parte do continente. A grande anomalia nas temperaturas, entre 2 até 20 graus acima da média para esta época do ano, ainda deve ser observada por pelo menos mais dez dias.

A estação científica Vostok, localizada a 3400 metros de altitude, registrou, por exemplo, o julho mais quente desde 2009, com temperaturas de 12 graus acima da média, que seriam típicas do final de fevereiro, verão no Hemisfério Sul.

Já a estação Amundsen-Scott registrou -47,6°C, a maior temperatura desde 2002, ficando 6,3°C acima da média, segundo as análises publicadas pelo especialista em clima Stefano Di Battista em sua página no twitter.

O que pode estar acontecendo?
Cientistas da NOAA ainda não têm todas as respostas para o que está acontecendo na Antártica, mas relacionam a alta das temperaturas ao enfraquecimento do vórtice polar sobre a região.

Em outras palavras, a faixa de ar frio que gira em torno dos polos, acima dos 12 quilômetros de altitude e normalmente estável durante o inverno antártico, foi atingida pelo chamado aquecimento estratosférico súbito (SSW). Esse aquecimento no alto nível da atmosfera tem como consequência o enfraquecimento do vórtice polar e reflete nas temperaturas da baixa atmosfera, mais próximas do solo.

Em paralelo, os ventos mais fracos ajudaram parte do ar frio do leste da Antártica “escapar” para locais como a Nova Zelândia, o sul da África e da América do Sul, permitindo que as temperaturas aumentassem perto do polo sul.

Aquecimento Global
Outro fator de elevação das temperaturas na Antártica é a diminuição do gelo marinho, que vem batendo recordes de baixa. Essa camada é crucial, pois reflete a luz solar de volta para o espaço, mantendo as temperaturas baixas no polo.

O gelo marinho da Antártida atingiu sua menor extensão anual em 20 de fevereiro de 2024. Crédito: NASA
O gelo marinho da Antártida atingiu sua menor extensão anual em 20 de fevereiro de 2024. Crédito: NASA

As temperaturas globais acima da média com recordes sucessivos nos últimos 12 meses também aconteceram na Antártica, com o aquecimento do polo observado duas vezes mais rápido do que o restante do planeta.

O evento atual ainda considerado raro pela longa duração ocorre pela segunda vez em dois anos. A maior onda de calor registrada na Antártica até agora é de março de 2022.

Entretanto, os especialistas já deram o sinal amarelo, e afirmam que ondas de calor prolongadas poderão ocorrer com maior frequência num futuro próximo.

Mais ar frio para o Brasil
Com o vórtice polar enfraquecido e ventos mais fracos em torno da Antártica, o ar frio de origem polar consegue avançar para latitudes médias na América do Sul.

De acordo com a METSUL, esse cenário que se prolonga, vai permitir a entrada de mais ar gelado e muito frio para o Sul do Brasil no final desta semana e com chance de um segundo pulso de ar frio na próxima semana, em meados de agosto.

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