Quinta-feira, 17 out 2024 - 09h24
Por Maria Clara Machado
Tempestades em grande volume que não eram vistas há pelo menos três décadas transformaram a paisagem do deserto do Saara em partes do Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia no mês de setembro. Os especialistas discutem como isso poderá impactar o clima da região num futuro próximo.
Chuvas fortes em tão pouco tempo não eram vistas no deserto do Saara há pelo menos 30 anos. Crédito: Earthobservatory/NASA A sequência de chuvas fortes que atingiram o sudeste do Saara, especialmente entre os dias 7 e 8 de setembro, deixou um saldo de 20 mortos, vítimas de inundações repentinas em aldeias no Marrocos e na Argélia. O tempo severo também foi capaz de transformar a paisagem de áreas desérticas do Saara. Imagens capturadas pelo satélite Terra, da NASA, revelaram a transformação do deserto. Na comparação de imagens dos dias 14 de agosto e 10 de setembro de 2024 é possível observar em tom de azul a área inundada. O tom de azul é influenciado pela profundidade da água e a quantidade de sedimentos suspensos e a vegetação aparece na cor verde. Imagem de satélite mostra parte do Saara complemente seco em 14 de agosto de 2024. Crédito: Earthobservatory/NASA Imagem de satélite mostra no detalhe o Lago Iriqui, no Marrocos, inundado pelas chuvas fortes. Crédito: Earthobservatory/NASA O que está em destaque é o Lago Iriqui, no Parque Nacional do Marrocos, que estava seco há 50 anos, segundo informações divulgadas pela Direção Meteorológica do Marrocos. A chuva volumosa já indicada pelos modelos meteorológicos antes do evento acontecer era 5 vezes mais do que a média, numa região que tem um grau de precipitação escasso. A média de chuva anual para a parte central do Saara, por exemplo, é de 25 mm. Dois dias de chuvas em setembro, excedeu toda a média anual. Análises preliminares de satélite mostraram acumulações de mais de 200 mm nas áreas afetadas.
O deslocamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), uma faixa de nuvens permanente na região da linha do equador, pode ter favorecido o aumento das tempestades. A ZCIT é o mesmo fenômeno que favorece as chuvas mais abundantes em estados do norte da Região Nordeste, no Brasil, quando se desloca em determinadas épocas do ano. Meteorologistas explicam que a formação de um ciclone extratropical sobre o Atlântico se estendeu para o sul e ajudou a puxar a umidade da África equatorial para o norte do Saara. O que os climatologistas devem observar a partir de agora é se esta situação anômala vai aparecer com mais frequência. As imagens de parte do Deserto modificado levantam a questão de quanto isso poderá impactar o clima da região num futuro próximo. Meteorologistas acreditam que essas chuvas poderão impactar o clima nos próximos meses, “pois à medida que o ar retém mais umidade, causa mais evaporação e pode atrair mais tempestades”. Por outro lado, especialistas não conseguem afirmar completamente se isso de fato vai acontecer e por enquanto, não relacionam diretamente o evento às mudanças climáticas. |
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