Quarta-feira, 4 set 2024 - 16h05
Por Maria Clara Machado
O Brasil deve atualizar os padrões de monitoramento da qualidade do ar em 2025, entretanto, os novos parâmetros ainda estarão bem longe dos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A concentração de material particulado alcançou níveis muito insalubre e perigoso em locais do Brasil esta semana pela IQAir.
Brasília encoberta por fumaça de queimadas no dia 26 de agosto. Crédito: Joédson Alves/Agência Brasil/Fotos Públicas O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) aprovou recentemente as novas adequações e limites, que serão usados no monitoramento da poluição do ar em cidades do Brasil. A norma anterior de 2018 se mostrava bastante frágil e o que se pretende agora é chegar às classificações mais próximas recomendadas pela OMS também atualizadas em 2021. Os especialistas afirmam que apesar do avanço, ainda estamos longe das metas ideais. Os limites de concentração de poluentes monitorados, que resultam na qualidade do ar numa região, obedecem a determinados padrões e o padrão 4 é o atual adotado pela OMS. A média anual do material particulado fino, por exemplo, obedece hoje o padrão 1 no Brasil, ou seja, o limite que uma estação de monitoramento deve registrar como média no ano é de 20 microgramas por metro cúbico. Já em 2025, o país vai passar a adotar o padrão 2 e o limite aceitável cairá para uma média anual de 17 microgramas por metro cúbico de material particulado. No padrão 3, o limite vai para 15 e no padrão 4 cai para 10, mas estas adequações no Brasil só deverão ocorrer nas próximas décadas. Hoje, o padrão seguido pela OMS para recomendação de uma qualidade do ar ideal é de 5 microgramas por metro cúbico de material particulado numa determinada região analisada. A poluição veicular, apontada como principal vilão, além das indústrias, práticas na agricultura e as queimadas são fontes determinantes na emissão de poluentes no ar e chegar aos padrões recomendados pela OMS exige diversas adaptações e medidas rígidas a longo prazo, acreditam especialistas. Brasília amanhece encoberta por fumaça de queimadas no dia 26 de agosto. Crédito: Joédson Alves/Agência Brasil/Fotos Públicas
Segundo estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), que mostra a defasagem do país, a grande maioria das estações está no Sudeste, algumas no Nordeste, outras no Centro-Oeste e no Sul, sem nenhuma estação oficial nos estados da Região Norte. O governo federal sancionou a Política Nacional de Qualidade do Ar em maio deste ano, que define a necessidade de todos os estados apresentarem planos na gestão da qualidade do ar.
Rio Branco, no Acre, apresentou a pior concentração de material particulado das áreas medidas no país na segunda-feira pela IQAir. A capital apresentou a concentração de 399,7 microgramas por metro cúbico de material particulado. Os níveis de concentração continuaram perigosos e muito insalubres para a saúde em Rio Branco nas últimas 24 horas e atingiram 135,7 microgramas por metro cúbico de material particulado no meio da tarde desta quarta-feira. Valores diários e por hora acima de 250 microgramas por metro cúbico são alarmantes. Numa comparação com os padrões da OMS, índices consideráveis aceitáveis são da ordem de 15 microgramas por metro cúbico. Segundo a escala, quanto maior o IAQ (índice registrado pela plataforma) mais poluído está o ar, agravando doenças respiratórias já existentes e trazendo outros riscos para a saúde como infarto e AVC. Juntamente à capital Rio Branco (AC), Porto Velho (RO), Campinas (SP), São Paulo (SP), Manaus (AM) e Recife (PE) estavam entre as cidades mais poluídas do Brasil nesta tarde: Relação das cidades com maior IAQ na tarde do dia 4 de setembro. Crédito: IQAir Sol nasce quase encoberto por neblina e muita poluição na cidade de São Paulo dia 3 de setembro. Crédito: Painel Global |
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