Segunda-feira, 30 mai 2022 - 16h28
Por Maria Clara Machado
As fortes chuvas que atingiram a Região Metropolitana do Recife desde o final da semana passada elevaram para 91 o número de vítimas fatais, segundo boletim atualizado pela Defesa Civil nesta segunda-feira, dia 30. Ainda existem 20 pessoas desaparecidas e os trabalhos de busca prosseguem. O acumulado de chuva no mês se aproxima de 700 mm, um valor extraordinário.
Deslizamento de terra ocorrido em Jaboatão dos Guararapes, região metropolitana do Recife (PE), na semana passada. Crédito: Divulgação Defesa Civil de Jaboatão dos Guararapes
Muitos moradores do Grande Recife disseram nunca terem enfrentado uma situação de alagamentos e deslizamentos desta maneira na região e consideraram o evento extremo. Durante o fim de semana pelo menos 13 trechos de rodovias federais, principalmente nas regiões de Guararapes e Moreno, tiveram interdições parciais ou totais por causa das fortes chuvas. Em Olinda, uma das áreas mais atingidas pelas chuvas, as aulas de 72 escolas da rede municipal que atendem 26 mil alunos seguem remotas. Assim como, no Recife, em que 95 mil estudantes estão tendo aulas online, enquanto 25 escolas, creches e centros sociais estão servindo de abrigos para aqueles que perderam tudo. Chuvas no Grande Recife neste mês de maio estão entre as mais volumosas em décadas. Crédito: Foto: Morgana Almeida/@inmet
Nesta época, os ventos alísios que se deslocam da costa da África até o litoral leste nordestino, costumam provocar as mudanças no tempo e impulsionar a chuva volumosa. Segundo a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), o período de chuvas está começando no leste de Pernambuco, além de Sergipe, Alagoas, Paraíba e o Rio Grande do Norte e segue até o final de julho. Entretanto, este mês de maio foi muito mais chuvoso do que o normal. O mês de maio vai terminar com acumulado de chuva de quase 700 mm no Recife, mais que o dobro da média histórica mensal de 317 mm, de acordo com dados climatológicos do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Estações do CEMADEN, registraram até o final deste domingo, pelo menos 510 mm de chuva em São Lourenço da Mata, 535 mm em Cabo de Santo Augustinho, 631 mm em Abreu e Lima, 635 mm em Olinda, 660 mm em Jaboatão dos Guararapes e 693 mm no Recife, segundo levantamento divulgado pela METSUL. Só entre a sexta-feira e a domingo (dias 27 e 29), o volume de chuva ultrapassou 250 mm em algumas estações, que somado a chuva da semana passada, resultou nos graves deslizamentos de encostas, de morros e enxurradas que arrastaram dezenas de casas. A imagem de satélite do dia 28 de maio mostra as fortes instabilidades causadas pela Onda de Leste atuando sobre a costa de Pernabuco e outros estados nordestinos. A chuva aumentou muito na madrugada do sábado. Crédito: Worldview/NASA As chuvas diminuíram, mas não cessaram por inteiro e a Apac mantém o alerta amarelo. As encostas estão encharcadas e o risco de novos deslizamentos continua. O último maior saldo de vítimas pela chuva no Grande Recife aconteceu em julho de 1975, quando mais de cem pessoas morreram na região. |
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