Segunda-feira, 16 mai 2022 - 14h43
Por Maria Clara Machado
Os Centros de Previsão estão novamente atentos a formação de um novo ciclone pouco comum, que deixa em perigo pelos ventos intensos e a forte agitação marítima a costa da Argentina, do Uruguai e do Rio Grande do Sul, no Sul do Brasil. A nova situação meteorológica é considerada atípica e já começou a se desenvolver desde domingo.
Modelo norte-americano GFS projeta um novo ciclone intenso com valor de pressão muito baixo tocando a costa do Rio Grande do Sul. Crédito: GFS/NOAA
Segundo a SMN Argentina descreveu uma área de baixa pressão sobre o oceano Atlântico vai dar origem a outros sistemas menores de baixa pressão consecutivos. Os sistemas devem interagir e adquirir uma trajetória circular no sentido horário. É um fenômeno associado a condições de muito vento. O que está chamando a atenção é a trajetória indicada do mar para o continente e o desenvolvimento deste ciclone. A primeira baixa pressão se afasta da costa da Argentina como é normal na formação de um ciclone extratropical. “Entretanto, a partir desta segunda-feira, dia 16, outros dois centros deverão se intensificar e mudar de rumo para oeste se aproximando do continente. Uma transição deve acontecer em sua estrutura interna formando um núcleo quente em seus níveis mais baixos se assemelhando a um ciclone subtropical”, alerta o SMN Argentina. Modelos meteorológicos apontam que o novo ciclone deva se deslocar bem próximo ao leste do Uruguai e ao sul e leste do Rio Grande do Sul a partir da tarde e noite da terça-feira, dia 17. Nestas localidades o ciclone traz chuvas fortes, rajadas de vento muito intensas acima de 100 km/h e ondas altas especialmente entre terça-feira e a quarta-feira. A costa atlântica da Argentina e o Rio da Prata ainda poderão ser afetados pela parte externa do ciclone com rajadas de vento de 70 km/h nesta terça-feira, diz o aviso da SMN Argentina.
O que reforça o alerta é que desde o furacão Catarina em 2004, não se observa um valor de pressão tão baixo no centro de um ciclone e ainda projetado junto ao leste do Rio Grande do Sul por modelos meteorológicos. Na época do Catarina a pressão caiu próxima a valores entre 970 hPa e 980 hPa. Ainda assim, este novo ciclone não será um furacão. Possivelmente poderá adquirir características de um ciclone subtropical, ou seja, além do baixo valor de pressão atmosférica poderá ter o centro frio em altitude e quente em superfície, analisa a METSUL. O comum é que ciclones extratropicais com núcleos frios se formem na altura da Argentina e do Uruguai e se desloquem pelo oceano ao largo do Sul do Brasil. Estes ciclones impulsionam massas de ar frio e algumas vezes ao interagir com o ar polar podem provocar neve. Já sistemas de núcleos quentes nestas latitudes, entre a Argentina e o Brasil, são bastante incomuns. Em razão da situação atípica a ser acompanhada, os especialistas da Argentina e do Uruguai estão considerando também as informações recebidas pela NOAA e permanecem em alerta. Um sistema com características semelhantes aconteceu no final de junho de 2021, quando o ciclone ou tempestade subtropical Raoni se formou na região sobre o oceano Atlântico Sul. |
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