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Segunda-feira, 14 jun 2021 - 17h40
Por Maria Clara Machado

Estudo mostra que geleira de Pine Island está ganhando muita velocidade na Antártida

Pesquisadores da Universidade de Washington e do British Antarctic Survey estão observando atentamente as transformações aceleradas que vem ocorrendo na plataforma de gelo flutuante e na geleira de Pine Island, localizada Antártida Ocidental. O novo estudo foi publicado na edição mais recente da Science Advances e chama a atenção para o futuro de grandes geleiras.

Novos icebergs surgiram em fevereiro de 2020 na geleira de Pine Island. A geleira está num processo acelerado fluindo para o oceano. Crédito: NASA
Novos icebergs surgiram em fevereiro de 2020 na geleira de Pine Island. A geleira está num processo acelerado fluindo para o oceano. Crédito: NASA

Através de imagens de satélite, os estudiosos observaram grandes processos de derretimento nos últimos três anos. Entre 2017 e 2020, grandes icebergs se desprenderam na borda da plataforma e a geleira de Pine Island ganhou velocidade nas águas da Antártida.

A plataforma de gelo tem um papel importante, que é justamente segurar toda a massa aterrada da Pine Island e impedir um eventual colapso da geleira no mar, o que elevaria significativamente o nível dos oceanos.

Futuro de grandes geleiras é alarmante
Os pesquisadores temem processos irreversíveis na região. A geleira de Pine Island contém cerca de 180 trilhões de toneladas de gelo e já tem uma boa parcela de responsabilidade no aumento anual do nível do mar. Embora a quantidade pareça irrisória (dois terços de uma polegada por século), a taxa tende a aumentar futuramente.

Os estudos alertam que caso a movimentação da geleira de Pine Island em direção ao oceano acelere, juntamente com a geleira vizinha Thwaites, e acabem por se desprenderem totalmente, os mares e oceanos poderão sofrer uma elevação de mais de um metro nos próximos séculos.

A preocupação com o derretimento da geleira de Thwaites também foi ressaltada por pesquisadores em publicação na Science Advances no mês de abril deste ano.

Com aproximadamente 192 mil quilômetros quadrados, a plataforma de gelo flutuante da geleira de Thwaites está diminuindo mais rápido que qualquer outra na região, muito em razão de águas consideradas mais quentes, que circulam abaixo da plataforma e que acabam provocando rachaduras e desgastes no gelo deixando a estrutura instável.

Localização das geleiras Pine Island e Thwaites, na Antártida.
Localização das geleiras Pine Island e Thwaites, na Antártida.

O processo de derretimento das plataformas de Pine Island e de Thwaites vem chamando a atenção nas últimas décadas. Entre 1990 e 2009, a movimentação da geleira Pine Island em direção ao oceano acelerou de 2,5 km por ano para 4 km por ano. Depois a velocidade da geleira se estabilizou.

Entre 2017 a 2020, a plataforma de gelo de Pine Island perdeu surpreendentemente um quinto da sua área. Muitas quebras foram captadas pelos satélites da missão Copernicus Sentinel-1, da Agência Espacial Europeia (ESA).

Entretanto, o que os pesquisadores concluíram é que a fragmentação da plataforma de gelo de Pine Island parece estar relacionada exatamente à aceleração da geleira em direção ao mar nas últimas duas décadas e não ao derretimento sob a plataforma como se observa na geleira de Thwaites.

Ao analisar dois pontos da superfície de Pine Island a taxa de velocidade com que a geleira está fluindo para o mar foi de 12% entre 2017 e 2020.

O glaciologista Ian Joughin, um dos autores do estudo, afirma que “a aceleração da geleira de Pine Island não é catastrófica neste momento, mas se o restante da plataforma se quebrar e fluir para o oceano, então a geleira poderá se mover bastante, aumentando a sua contribuição para a elevação do mar.”

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Imagens de satélites revelam expansão de fissuras na Antártida



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