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Sexta-feira, 31 out 2025 - 10h44
Por Maria Clara Machado

Floração no Atacama ajuda cientistas a estudarem culturas resistentes à seca extrema

O fenômeno da floração no Deserto do Atacama, no norte do Chile, cria um cenário único com mais de 200 tipos de flores na paisagem árida e há chance de acontecer durante a primavera. Agora, uma flor em especial está sendo estudada pelos cientistas, que buscam entender melhor como espécies poderão sobreviver às secas extremas.

Imagem ilustrativa. Floração no Deserto do Atacama transforma paisagem de forma impressionante. Crédito: divulgação via Instagram @thiagomaiaoficial
Imagem ilustrativa. Floração no Deserto do Atacama transforma paisagem de forma impressionante. Crédito: divulgação via Instagram @thiagomaiaoficial

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O mistério da Pata de Guanaco
Os cientistas estão estudando uma flor localmente conhecida como “pata de guanaco”, que floresce após eventos raros de chuva no Atacama, o deserto mais seco do mundo.

A pequena flor se destaca por ser resistente e conseguir produzir alimento suficiente para sobreviver a condições extremas.

Os pesquisadores da Universidade Andrés Bello, no Chile, começaram então a realizar experimentos, observando a sequência do material genético da flor, para entender as características que permitem a espécie sobreviver à escassez de água e às alterações extremas de temperatura na região.

Os estudiosos descobriram que a capacidade da flor pata de guanaco de alternar diferentes tipos de fotossíntese é singular, o que faz dela uma planta modelo de sobrevivência a ambientes extremos.

O objetivo é entender o comportamento da flor para estender o estudo de tolerância à seca para outras culturas.

O Chile está entre os países com maior estresse hídrico do mundo e com alerta de condições de seca extrema até 2050 na região do Vale Central, onde estão hoje as principais exportações de vinho, frutas e pecuária.

Ariel Orellana, diretor do Centro de Biotecnologia Vegetal da universidade chilena, ressalta a importância do estudo. "Precisamos de plantas capazes de tolerar essa seca” e completa “com as mudanças climáticas, as secas estão se tornando um problema sério para a agricultura, para o mundo e para o nosso país".

"Essa flexibilidade de fotossíntese da pata de guanaco a torna um ótimo modelo para estudar como os genes controlam essas mudanças".

Como o Deserto do Atacama floresce?
O deserto florido no sul do Atacama pode acontecer entre a primeira quinzena de setembro e as primeiras semanas de outubro, podendo se estender até novembro, coincidindo com a primavera no Hemisfério Sul.

Imagem ilustrativa. Deserto do Atacama florido em 27 de setembro de 2025. Crédito: divulgação via Instagram @thiagomaiaoficial
Imagem ilustrativa. Deserto do Atacama florido em 27 de setembro de 2025. Crédito: divulgação via Instagram @thiagomaiaoficial

Entretanto, não é todo ano que acontece a floração. O fenômeno ainda é considerado raro e depende das chuvas e do frio do inverno.

Especialistas explicam que é necessário pelo menos de 15 a 30 mm de chuva, um volume alto para um deserto, entre os meses de junho e julho para umidificar previamente o solo, além de uma quantidade ideal de horas de frio a fim de dar às condições ao desenvolvimento das sementes das flores.

Em 2024, por exemplo, a floração do Deserto do Atacama aconteceu fora de época e a paisagem se transformou bem antes do período normal, na segunda semana de julho. A floração precoce do ano passado, foi impulsionada pela atuação do fenômeno El Niño, que trouxe chuvas incomuns para o deserto no inverno.

Antes disso, anos anteriores mais recentes em que a floração no deserto foi observada, foram 2017 e 2015.

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