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Quarta-feira, 24 fev 2021 - 15h46
Por Maria Clara Machado

Geleiras do oeste da Antártida estão fluindo para oceano em ritmo avassalador

Cientistas da Universidade de Leeds, no Reino Unido, com base em 25 anos de dados de satélites da Agência Espacial Europeia (ESA), acabam de divulgar um estudo que mapeou um trecho extenso de mil quilômetros na costa Ocidental da Antártica, conhecida como região de Getz. O local tem 14 geleiras e todas estão fluindo para o oceano num ritmo surpreendentemente acelerado.

Mapa indica a velocidade com que as geleiras de Getz estão fluindo para o oceano. Crédito: ESA.
Mapa indica a velocidade com que as geleiras de Getz estão fluindo para o oceano. Crédito: ESA.

Os cientistas coletaram dados por satélites sobre a região de Getz durante duas décadas e meia e assim conseguiram pela primeira vez observar melhor a espessura e a velocidade com que as geleiras se movimentaram no período de estudo. É uma região tão remota que pesquisadores raramente chegam por terra até lá.

A velocidade de todas as 14 geleiras da região aumentou em média quase 25% entre os anos de 1994 e 2018, sendo que de três geleiras o aumento foi de 44% e uma especificamente teve aumento de 59% na velocidade neste período.

Além disso, as geleiras perderam centenas de gigatoneladas de água. Desde 1994, 315 gigatoneladas de gelo foram perdidas no mar, o que equivale ao volume de água de 126 milhões de piscinas olímpicas. Levando em conta o nível médio global do mar, o aumento significou 0,9 milímetros, sendo Getz responsável por cerca de 10% do aumento total neste período.

25 anos de imagens de satélite

Ao examinar 25 anos de medições, os pesquisadores foram capazes de constatar que as variações complexas e anuais nas temperaturas do oceano sugerem que o aquecimento das águas é o principal responsável pelo desequilíbrio dinâmico da perda do gelo.

Gelo perdido das geleiras de Getz desde 1994. Crédito: ESA
Gelo perdido das geleiras de Getz desde 1994. Crédito: ESA

Estas novas observações em alta resolução das missões Copernicus Sentinel-1 e CryoSat, da ESA, vão ajudar a determinar se essas geleiras poderão entrar em colapso nas próximas décadas e como isso vai resultar futuramente no aumento da elevação global do nível do mar.

"A conclusão que os satélites podem nos dizer até agora é que há altas taxas de aumento da velocidade das geleiras em direção ao oceano, juntamente com a redução do gelo, que confirmam que a bacia de Getz está em um desequilíbrio dinâmico, nitidamente perdendo mais gelo do que ganhando neve", afirmou a glacióloga Heather Selley da Universidade de Leeds, principal autora do estudo.

Um próximo satélite Biomass Earth Explorer será capaz de realizar medições com um instrumento totalmente novo e penetrar profundamente no gelo gerando mais material para compreensão e previsão das mudanças que afetam as regiões polares e consequentemente o globo todo.



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