Sexta-feira, 18 out 2024 - 08h16
Por Maria Clara Machado
Gelo marinho no Ártico e na Antártida está perto dos mínimos históricos
A tendência de derretimento ou da falta de crescimento do gelo marinho ao redor do Ártico e da Antártida, respectivamente, continua sendo observada em 2024. Ambos os polos terminaram o verão, no Hemisfério Norte, e o inverno, no Hemisfério Sul, com a extensão do gelo marinho muito próxima aos recordes mínimos históricos.
![]() Extensão do gelo marinho mínimo e máximo no Ártico e na Antártida atingiram pico em setembro. Crédito: NASA É durante o verão do Hemisfério Norte que o gelo marinho atinge o menor mínimo do ano na região do Ártico, ou seja, quando se observa o maior derretimento da camada. Este verão de 2024 terminou com o gelo marinho no Ártico recuando para mínimas quase históricas, possivelmente atingindo a extensão mínima deste ano em 11 de setembro, de acordo com dados divulgados por pesquisadores da NASA que acompanham o processo. O declínio do gelo marinho para perto da mínima histórica de 2012, reforça a tendência de décadas que vem acontecendo tanto na redução quanto no afinamento da cobertura de gelo do Ártico. ![]() Gelo marinho mínimo atingiu o pico em setembro no Ártico, ficando abaixo da média histórica. Crédito: NASA “Hoje, a esmagadora maioria do gelo no Oceano Ártico é gelo mais fino, de primeiro ano, que é menos capaz de sobreviver aos meses mais quentes. Há muito, muito menos gelo com três anos ou mais agora”, alerta a pesquisadora Nathan Kurtz, chefe do Laboratório de Ciências Criosféricas no Goddard Space Flight Center da NASA. Atualmente, com a ajuda dos satélites, se sabe que grande parte do gelo mais antigo e espesso já foi perdido.
Já faz pelo menos 46 anos que os satélites observam a mesma tendência de mais derretimento do gelo nos verões e uma menor formação de gelo durante os invernos. Segundo o National Snow and Ice Data Center (NSIDC), ligado à NASA, que concentra os dados da região, a perda de gelo marinho do Ártico tem sido na ordem de 77.800 quilômetros quadrados por ano. Neste verão, o gelo marinho do Ártico encolheu para uma extensão mínima de 4,28 milhões de quilômetros quadrados, quase 2 milhões abaixo da média dos finais de verão do período 1981-2010. O gelo perdido em 2024 foi equivalente a uma área maior que o estado do Alasca e é o sétimo mais baixo, desde o início dos registros por satélites no final da década de 1970. A curva de extensão mínima também se aproximou muito do recorde histórico de derretimento de gelo marinho no Ártico, que resultou numa cobertura de 3,39 milhões de quilômetros quadrados em 2012. ![]() Gráfico mostra a curva de extensão mínima do gelo marinho no Ártico. O recorde na região é de 2012. Crédito: NASA Outro novo levantamento feito pelo Laboratório de Propulsão a Jato da NASA mostra que no Ártico central, longe das costas, o gelo marinho de outono agora paira em torno de 1,3 metros de espessura, abaixo do pico de 2,7 metros visto no passado, em 1980.
![]() Gelo marinho atingiu a maior extensão em 19 de setembro na Antártida. ficando abaixo da média histórica. Crédito: NASA O gelo marinho ao redor da Antártida possivelmente atingiu sua extensão máxima este ano em 19 de setembro, quando o crescimento estagnou em 17,16 milhões de quilômetros quadrados. O dado é preocupante, pois é o segundo mais baixo da história das medições, perdendo somente para o ano passado, quando a cobertura de gelo marinho atingiu o máximo de 16,96 milhões de quilômetros quadrados em setembro de 2023. ![]() Gráfico mostra a curva de extensão máxima do gelo marinho na Antártida. O menor crescimento aconteceu em 2023. Crédito: NASA No caso da Antártida, os cientistas vinham observando um ligeiro aumento de 1% do gelo por década até 2014, mas após esse período houve uma inversão e o crescimento de gelo marinho caiu drasticamente e vem mantendo a tendência de queda nos últimos anos. Para os pesquisadores, a perda de gelo recorrente na Antártida reflete uma mudança nas condições do oceano antártico, muito provavelmente ligado ao aquecimento global. |
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