Sexta-feira, 25 mar 2022 - 10h44
Por Maria Clara Machado
O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) acaba de divulgar um novo documento com as médias de climatológicas do Brasil do período de 1991 a 2020. As observações feitas nas últimas décadas evidenciam o que já é perceptível na prática: as temperaturas estão ficando mais altas e os temporais extremos estão mais frequentes no Brasil.
Alagamento no bairro do Cambuci, zona sul de São Paulo, em março de 2019. Crédito: Foto arquivo pessoal Os registros diários e as médias de temperaturas mínimas e máximas e a quantidade de chuva acumulada nos últimos 90 anos em 271 estações medidoras espalhadas por todo o Brasil demonstra um cenário climatológico cada vez mais preocupante. De maneira geral, o estudo conseguiu comprovar o aumento gradativo das temperaturas mínimas e máximas, assim como as médias de cada mês e as mudanças nos padrão de chuva em todas as Regiões do Brasil. As médias climatológicas são divulgadas pelo INMET a cada 30 anos e os dados atuais podem ser comparados às medições anteriores de décadas passadas dos períodos 1931-1960, 1961-1990, 1981-2010 e 1991-2020.
Essa elevação da mínima foi observada em todos os meses do ano na cidade de As médias das temperaturas tiveram uma elevação de 1,5°C na capital federal (DF) em todos os meses do ano, também revelou o relatório do INMET divulgado na última quarta-feira, 23 de março. Também
Bombeiros trabalham na busca por desaparecidos no grande deslizamento em Franco da Rocha, região metropolitaba de São Paulo em janeiro de 2022. Crédito: Divulgação Prefeitura de Franco da Rocha Dados do INMET mostram que a quantidade de dias com temporais extremos está mesmo aumentando nos meses com maior acumulado de chuva. São eventos únicos de tempestades com volumes acima de 80 milímetros em poucas horas. Os temporais extremos foram mais frequentes em São Paulo em particular na última década. Os eventos de chuva com acumulados acima de 80 mm e 100 mm saltaram de 2 dias para 7 dias no ano, comparando os períodos 1991-2000 e 2011-2020. Já temporais com volumes de chuva acima de 50 mm passaram de 9 dias para 16 dias no ano em São Paulo. Outro dado que chama a atenção é que não foram observados eventos únicos de chuva com 100 mm acumulados na cidade de São Paulo nas primeiras décadas de observações do INMET entre 1961 a 1970. Em O estudo chama a atenção também para algumas mudanças nos maiores períodos de chuva de uma determinada cidade. Os meses mais chuvosos já não são mais os mesmos de antigamente em cidades como
Bombeiros trabalham nas buscas aos desaparecidos em grande deslizamento em Petrópolis em fevereiro de 2022. Crédito: Defesa Civil Estes são os principais fatores apontados no impacto do clima na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, afirma o renomado climatologista Carlos Nobre, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP). Climatologistas ressaltam ainda que dados como esses já eram esperados diante dos estudos reunidos no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) ao longo do anos. “Este é o novo clima”, afirmou Renata Libonati, coordenadora do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa/UFRJ).
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