Segunda-feira, 23 dez 2024 - 11h12
Por Maria Clara Machado
O iceberg A23a começou sua jornada difícil rumo ao Atlântico Sul, após décadas encalhado nas profundezas do sul do Mar de Weddell, na Antártida. Quando a enorme massa de gelo finalmente conseguiu andar, encontrou pela frente uma espécie de redemoinho que o “capturou” novamente por mais oito meses.
Iceberg A23a começou a se deslocar a partir de 2020 na região da Antártida. Crédito: Earthobservatory/NASA Quando um iceberg se solta de uma plataforma de gelo ou de uma grande geleira tem pela frente as correntes dos oceanos, de ventos, as mudanças de maré e redemoinhos de água. Assim, alguns acabam encalhando ou até ficam presos em uma massa de água giratória debaixo do oceano. Foi exatamente o que aconteceu com o Iceberg A23a.
O A23a venceu as correntes marinhas em março de 2023, quando finalmente começou a flutuar. Entretanto, a jornada durou apenas um ano e o bloco de gelo voltou a ficar preso quando seguia rumo ao norte, em uma espécie de redemoinho subterrâneo, chamado Coluna de Taylor, em março de 2024. Os especialistas explicam que a Coluna de Taylor funciona como uma armadilha que captura os icebergs. Por cerca de oito meses, o A23a girou firmemente dentro da Coluna Taylor, sem conseguir se deslocar, cerca de 200 quilômetros ao norte das Ilhas Órcades do Sul, ao nordeste da Península Antártica. Imagens de satélite capturadas pela NASA e a NOAA mostram a evolução do iceberg entre 5 de novembro e 16 de dezembro, quando então, conseguiu se desvencilhar da área do vórtice giratório e caminhar para nordeste, em direção à Geórgia do Sul: A23a em 5 de novembro. Crédito: Earthobservatory/NASA A23a em 13 de novembro. Crédito: Earthobservatory/NASA A23a em 10 de dezembro. Crédito: Earthobservatory/NASA A23a em 16 de dezembro. Crédito: Earthobservatory/NASA Baseado nos dados e imagens da NASA, estima-se que o A23a andou aproximadamente 240 quilômetros em um mês, uma média de 8 quilômetros por dia, uma vitória para uma massa de gelo que enfrentou a força de um vasto oceano por tanto tempo. Para o especialista em gelo Jan Lieser, do Serviço Meteorológico da Antártida, o que o A23a fez foi algo raro. O iceberg realizou 15 revoluções entre março a novembro de 2024, situação incomum pela persistência para uma área tão pequena. Segundo Lieser, ainda não está claro o que pode ter empurrado o iceberg para fora do vórtice. “Minha hipótese é que uma perturbação aleatória no sistema pode ter desencadeado uma ligeira variação do giro usual, de modo que o iceberg encontrou um caminho de saída”, disse o especialista. Mapa mostra posição do A23a em 1991 e o caminho percorrido a partir de 2020. Crédito: Earthobservatory/NASA
A última atualização feita pelo Worldview, da NASA, mostra o A23a ainda inteiro, cerca de 350 quilômetros ao sudoeste das Ilhas Geórgia do Sul e Sandwich do Sul no dia 20 de dezembro de 2024. Os satélites monitoram a aproximação do iceberg das ilhas e seu possível rompimento quando alcançar águas mais quentes. Posição do iceberg A23a em 20 de dezembro de 2024. Crédito: Worldview/NASA |
Procure no Painel
|
Painelglobal.com.br - Todos os direitos reservados - 2008 - 2025