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Quarta-feira, 21 ago 2024 - 10h26
Por Maria Clara Machado

Imagens de satélite revelam um grande corredor de fumaça da Amazônia ao Sul do BR

Uma sequência de imagens capturadas por satélites da NASA e disponíveis no Worldview revela um extenso corredor de fumaça entre a Amazônia e o Sul do Brasil. O céu esbranquiçado pela densa fumaça deixa em alerta dez estados do Brasil, além do Peru, da Bolívia, do Paraguai, norte da Argentina e do Uruguai.

Cuiabá (MT) tomada por fumaça em 8 de agosto. Crédito: reprodução redes sociais
Cuiabá (MT) tomada por fumaça em 8 de agosto. Crédito: reprodução redes sociais

Focos de queimadas na Amazônia, Pantanal e Bolívia agravaram situação
A fumaça reflete o alto número de focos de queimadas no bioma Amazônia, responsável por quase 50% dos pontos registrados de janeiro até agora no Brasil.

De primeiro de janeiro a 20 de agosto de 2024, a Amazônia registrou mais de 43 mil focos de calor, um aumento de 83% na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Somado aos focos da Amazônia, o grande aumento de queimadas observado no Pantanal e na Bolívia, agrava a questão da fumaça.

Dados do INPE mostram um aumento de 1979% do número de focos no Pantanal este ano frente ao mesmo período de 2023 e um crescimento de 230% no número de pontos na Bolívia, no mesmo intervalo.

O Pantanal já acumulou mais de 7800 focos de calor este ano e a Bolívia quase 30 mil pontos.

Apesar do alto número de queimadas na Amazônia, o bioma teve uma redução recorde no desmatamento em um ano, entre agosto de 2023 e julho de 2024. Os especialistas explicam que os dados contraditórios ocorrem porque áreas que queimavam no passado continuam queimando, a maioria usada para pastagens, além de novas invasões e o monitoramento nas áreas já destruídas precisa ser redobrado e constante.

Difícil de respirar
As imagens de satélite mostram a fumaça cobrindo os estados do Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, partes do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, interior de São Paulo e de Minas Gerais, que seguem em alerta.

Imagem de satélite mostra um grande corredor de fumaça do Amazonas ao Rio Grande do Sul em 18 de agosto. Crédito: Worldview/NASA
Imagem de satélite mostra um grande corredor de fumaça do Amazonas ao Rio Grande do Sul em 18 de agosto. Crédito: Worldview/NASA

Fumaça e focos de calor são capturados por satélites em 20 de agosto. Crédito: Worldview/NASA
Fumaça e focos de calor são capturados por satélites em 20 de agosto. Crédito: Worldview/NASA

O ar continua seco, o calor intenso no interior do Brasil e a qualidade do ar bastante prejudicada. Já é rotina diversas cidades amanhecerem cobertas pela cortina de fumaça, céu cinza e esbranquiçado, como há dias vem acontecendo, por exemplo, na capital Cuiabá.

Em outras localidades, como no Sul, os últimos dias têm sido de pôr do sol avermelhado. Apesar de espetacular, a paisagem revela alta concentração de poluição, boa parte pela chegada da fumaça.

Pôr do sol registrado em Santa Catarina dia 17 de agosto. Crédito: Defesa Civil de SC
Pôr do sol registrado em Santa Catarina dia 17 de agosto. Crédito: Defesa Civil de SC

El Niño, seca e altas temperaturas
O agravamento das queimadas, inúmeras por ação humana, é estimulado ainda mais pelo período de seca, que facilita a propagação do fogo nas matas. O período crítico, que normalmente acontece entre agosto e outubro, está ocorrendo mais cedo este ano, o que é algo muito preocupante, afirmam os especialistas em clima.

Um El Niño forte entre 2023 e o começo de 2024 contribuiu para o quadro de déficit de chuva e de altas temperaturas em muitas áreas do Brasil.

Meteorologistas explicam que assim como os “rios voadores” que transportam a umidade da Amazônia para o interior do Brasil, as correntes de vento que normalmente entram pelo Nordeste, passam pela Amazônia e seguem o fluxo para o Sul, estão agora carregadas de fumaça.

Os ventos que seguem outros fluxos naturais no restante do país também estão ajudando a levar a fumaça.

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