Quarta-feira, 5 jun 2024 - 08h44
Por Maria Clara Machado
O fenômeno climático El Niño, um dos responsáveis por impulsionar as temperaturas extremas globais entre 2023 e 2024, está chegando ao fim para dar lugar, ao que tudo indica, novamente ao La Niña. Embora haja expectativa de um período mais ameno, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) já sinaliza que as temperaturas da superfície do mar continuarão “excepcionalmente altas” em função das mudanças climáticas.
Imagem ilustrativa. Ponta Negra, em Manaus, na maior seca em 121 anos, durante período de El Niño em 2023. Crédito: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil/Fotos Públicas O climatologista português, Álvaro da Silva, da OMM, afirma que o retorno do fenômeno La Niña, caracterizado pelo resfriamento da superfície do Pacífico tropical e equatorial, deve trazer outros eventos extremos, que poderão até se agravar. Os efeitos são opostos aos do fenômeno El Niño e ainda há incertezas sobre a intensidade e a duração total do novo período de La Niña. Como exemplo, a seca prolongada que se observou na região denominada Chifre da África (nordeste africano) entre 2020 e 2023 foi agravada pelo evento triplo de La Niña, que dominou o período. Com a volta do La Niña, também pode se esperar por chuvas abundantes no norte da África oriental, na América Central e no Caribe, além do favorecimento de uma temporada ativa de furacões no Atlântico, assim como chuvas acima do normal no sul da Ásia, entre outros efeitos apontados pelos especialistas em clima. A OMM destaca que mesmo com a despedida do El Niño, os modelos meteorológicos apontam para mais um trimestre de calor acima do normal em muitas regiões do Hemisfério Norte e que o fim do fenômeno não significa uma pausa nas mudanças climáticas. Fica claro que, os fenômenos naturais El Niño ou La Niña, acontecem agora dentro de um contexto do aquecimento global, da temperatura da água do mar acima do normal em várias bacias oceânicas e outras alterações climáticas, induzidas por ações do homem, que estão agravando cada vez mais os eventos extremos de clima. As últimas previsões de longo prazo divulgadas no início da semana pela OMM são de 50% para uma condição de neutralidade ou de uma transição para o La Niña, entre junho e agosto de 2024. A chance de condições de La Niña aumenta para 60% durante julho-setembro e para 70% durante agosto-novembro. Os últimos nove anos foram os mais quentes já registrados no planeta, mesmo sob a influência de um La Niña triplo, lembram os cientistas da Organização Meteorológica Mundial. |
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