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Quarta-feira, 1 dez 2021 - 11h21
Por Maria Clara Machado

Microplásticos são descobertos em regiões mais remotas da Antártica

Pesquisadores da Universidade de Basel, na Suíça, tradicional instituição do país, buscam encontrar respostas para o aparecimento de microplásticos em lugares mais remotos do oceano, como a Antártica. O estudo no Mar de Weddell é inédito e os resultados acabam de ser publicados pela revista Environmental Sciences and Technology.

Navio de pesquisa Polarstern em expedição pelo Mar de Weddell. Crédito: Divulgação Instituto Alfred-Wegener(AWI)/Hoppmann/DLH
Navio de pesquisa Polarstern em expedição pelo Mar de Weddell. Crédito: Divulgação Instituto Alfred-Wegener(AWI)/Hoppmann/DLH

Os pesquisadores já sabem que milhões de toneladas de plásticos e microplásticos ameaçam todos os oceanos, mas estão tentando entender de onde eles vêm na região da Antártica e para isto, realizaram um rastreamento minucioso.

Rastreando os microplásticos na Antártica
Uma equipe de pesquisa do Departamento de Ciências Ambientais da Universidade de Basel e do Instituto Alfred-Wegener (AWI) estudou a água do Mar de Weddell, que banha a Península Antártica, sendo uma região considerada de mínima atividade humana.

Duas expedições do navio de pesquisa Polarstern coletaram 34 amostras de águas superficiais e 79 abaixo da superfície marinha durante os anos de 2018 e 2019. Foram aproximadamente 8 milhões de litros de água do mar filtrados e o resultado surpreendeu. Embora em quantidades muito pequenas, os microplásticos foram descobertos nesta região.

Alguns estudos anteriores já detectaram a presença de microplásticos em outras regiões da Antártica, onde há mais estações de pesquisa e consequentemente maior tráfego marítimo e de pessoas. Até então, esta análise nunca tinha sido feita em áreas não habitadas da Antártica.

Se comparados os estudos, a equipe de Basel e do AWI concluiu que a concentração de microplásticos na região do Mar de Weddell é apenas parcialmente mais baixa que outras áreas da Antártica.

Vista aérea do Mar de Weddell, na Antártica. Crédito: Michael Studinger/NASA Goddard Space Flight
Vista aérea do Mar de Weddell, na Antártica. Crédito: Michael Studinger/NASA Goddard Space Flight

A segunda parte do estudo era descobrir possíveis fontes destes microplásticos e, na melhor das hipóteses, buscar esforços para reduzir as emissões, explicou Clara Leistenschneider, doutoranda do Departamento de Ciências Ambientais da Universidade de Basel.

O que se descobriu foi que 47% das partículas identificadas como microplásticos tinham origem em tintas e verniz marítimos. Sendo assim, o tráfego marítimo na região foi apontado como uma provável fonte importante de microplásticos no Oceano Antártico.
Outras partículas, em menor quantidade, como polietileno, polipropileno e poliamidas também apareceram na análise. São partículas utilizadas em geral em embalagens e redes de pesca.

Descoberta importante
Uma descoberta importante no rastreamento dos microplásticos, é que mais da metade de todos os fragmentos visuais tinha características semelhantes à pintura do próprio navio de pesquisa Polarstern, no qual a equipe estava viajando.

Localização do Mar de Weddell, na Antártica. Crédito: Wikipédia
Localização do Mar de Weddell, na Antártica. Crédito: Wikipédia

Outra análise em detalhes das amostras feita pelo Centro de Ciências Ambientais Marinhas (Marum), da Universidade de Bremen, por meio de fluorescência de raios-X (XRF), constatou que 89% de 101 partículas de microplásticos teriam vindo realmente do navio Polarstern. Os 11% restantes foram considerados de outras fontes.

O interessante é que estudos anteriores, em geral, excluíram partículas de microplásticos semelhantes à tinta dos próprios meios de expedição.

O tráfego marítimo no Oceano Antártico vem aumentando em razão do crescimento de expedições de pesquisas, do turismo e da pesca. A conclusão mais direta deste estudo é que “o desenvolvimento de tintas marítimas alternativas mais duráveis e ecologicamente corretas permitiria reduzir essa fonte de microplásticos e as substâncias nocivas que eles contêm”, resumiu Leistenschneider.



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