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Quarta-feira, 10 nov 2021 - 17h02
Por Maria Clara Machado

NOAA diz que nações têm 11 anos para evitar aquecimento global catastrófico

O relatório anual do Global Carbon Project, da NOAA, divulgou dados recentes que refletem o período de quase dois anos de pandemia. As emissões globais de dióxido de carbono na atmosfera voltaram a se aproximar dos níveis pré-covid, à medida que as atividades econômicas têm sido retomadas em 2021.

Emissões de carbono caíram 5,4% em 2020, mas devem subir quase 5% novamente até o final de 2021, segundo relatório da NOAA. Crédito: foto International Monetary Fund/Divulgação NOAA
Emissões de carbono caíram 5,4% em 2020, mas devem subir quase 5% novamente até o final de 2021, segundo relatório da NOAA. Crédito: foto International Monetary Fund/Divulgação NOAA

Ouça o podcast O que foi resolvido na COP26?

Segundo o novo relatório, divulgado no último dia 5, a projeção para 2021 é que as emissões globais de CO2 cheguem a 36,4 bilhões de toneladas métricas, um aumento de cerca de 5% em relação a 2020, ano em que se observou uma grande redução global das atividades econômicas por conta da pandemia.

Os números indicam que as emissões de carbono fóssil caíram 5,4% em 2020, mas o novo relatório projeta que elas aumentarão pelo menos 4,9% este ano.

Projeção de emissões de dióxido de carbono na atmosfera em 2021 na comparação com anos anteriores. Crédito: Global Carbon Project/NOAA.
Projeção de emissões de dióxido de carbono na atmosfera em 2021 na comparação com anos anteriores. Crédito: Global Carbon Project/NOAA.

A pandemia da COVID-19 e as limitações de diversos setores econômicos ao redor do mundo acabaram por diminuir drasticamente a poluição do ar e assim as emissões de gases do efeito estufa em poucas semanas, o que evidenciou aos cientistas a relação direta entre os dois fatores em uma situação jamais observada.

O tempo está correndo
Baseado nas projeções e nos níveis atuais de poluição, os pesquisadores alertam mais uma vez para a urgência de se reduzir as emissões de dióxido de carbono na atmosfera, a fim de tentar conter o aquecimento global.

O relatório conclui que as nações do mundo todo têm apenas 11 anos para evitar o cenário considerado catastrófico, ou seja, acima da meta prevista no Acordo de Paris (2015) de limitar o aumento da temperatura global em 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais.

O novo relatório foi publicado ao mesmo tempo em que líderes mundiais estão reunidos em na COP26, em Glasgow, Escócia, para discutir acordos e ações de combate à crise climática num futuro próximo. A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que começou dia 31 de outubro, termina na próxima sexta-feira, dia 12 de novembro.

Pensando em reduções drásticas de emissões de carbono até 2050, o corte precisaria atingir a cada ano níveis igual ao observado durante a desaceleração do coronavírus, diz o relatório.

Além da contribuição de dados para estabelecer os níveis globais de emissões de dióxido de carbono na atmosfera, a NOAA juntamente com a Universidade do Colorado desenvolveu um método inovador para distinguir se as emissões de CO2 estão sendo geradas por combustíveis fósseis ou por fontes naturais.

Isto será essencial para avaliar os compromissos de cada nação com a redução de emissões de carbono futura.

Outra questão importante é o cálculo da quantidade de carbono absorvido naturalmente em solos, oceanos e florestas em relação à quantidade de carbono emitida para a atmosfera. É essencial compreender a fundo essa dinâmica que ajuda a compensar a poluição dos gases do efeito estufa.

“O ponto que gostamos de enfatizar é que, além das emissões, precisamos quantificar e entender as absorções naturais para fazer projeções significativas sobre os níveis futuros de CO2 atmosférico”, declarou o oceanógrafo da NOAA, Rik Wanninkhof.

Recorde de medição em Mauna Loa
O Observatório Atmosférico de Mauna Loa, no Havaí, do qual fazem parte pesquisadores da NOAA, registrou a maior média mensal do nível de dióxido de carbono na atmosfera em maio deste ano desde 1958, quando começaram as medições no local. A média foi de 419 partes por milhão no mês, contra 417 ppm em maio de 2020 e esta é uma tendência que vem sendo observada a cada ano nas últimas décadas.

Quantidade de dióxido de carbono na atmosfera medida no Observatório  Atmosférico de Mauna Loa, no Havaí, pela NOAA e Scripps Institution of Oceanography nas últimas décadas. Crédito: NOAA Global Monitoring Laboratory
Quantidade de dióxido de carbono na atmosfera medida no Observatório Atmosférico de Mauna Loa, no Havaí, pela NOAA e Scripps Institution of Oceanography nas últimas décadas. Crédito: NOAA Global Monitoring Laboratory

O laboratório é considerado um dos mais confiáveis do mundo para este tipo de avaliação, uma vez que o ar coletado não sofre influência de nenhuma fonte direta de poluição industrial ou fonte natural de absorção de CO2.



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