Segunda-feira, 6 jan 2020 - 14h50
Por Maria Clara Machado
Poeira e fuligem transformam paisagem de geleiras da Nova Zelândia
A densa fumaça das dezenas de incêndios florestais que consomem o leste e o sudeste da Austrália atravessa o mar da Tasmânia desde novembro, levada por correntes de vento, e já alterou de forma evidente a cor de geleiras nos Alpes do sul da Nova Zelândia. A NASA divulgou imagens de satélite detalhadas da transformação na região.
![]() Imagem de satélite mostra modificação dos Alpes do sul da Nova Zelândia atingido pela fumaça dos incêndios florestais da Austrália. Crédito: NASA. É verão e o momento ideal para as caminhadas e o turismo nas deslumbrantes geleiras no interior da Nova Zelândia, mas aqueles que seguem encontram uma paisagem bastante modificada. A cor predominantemente branca em meio a montanhas nas geleiras no sul da Nova Zelândia se transformou em marrom-alaranjado. As imagens em cores naturais foram adquiridas no Landsat 8 e mostram no detalhe o antes e depois da região. ![]() Imagem de satélite do sul da Nova Zelândia adquirida no dia 15 de dezembro de 2014. Crédito: NASA. ![]() Imagem de satélite do sul da Nova Zelândia adquirida no dia 11 de novembro de 2019. Crédito: NASA. A primeira imagem mostra a paisagem original do extenso Parque Nacional Mount Aspiring, nos Alpes do sul da Nova Zelândia, e toda a área branca indica a neve e o gelo em dezembro de 2014. Já na segunda imagem comparativa, a neve o e gelo estão “sujos” pelas partículas de poeira e cinza que chegaram do país vizinho. São mais de cem geleiras que compõem esse magnífico deserto montanhoso. Estudiosos da Universidade de Monash acreditam que os tons marrons e alaranjados são muito provavelmente poeira rica em óxido de ferro lançadas no ar pelos inúmeros incêndios florestais na Austrália e transportada pelo vento através do mar da Tasmânia. Também há presença de carbono preto, partículas semelhantes à fuligem, que se espalham pela atmosfera quando os incêndios florestais queimam a vegetação, a madeira e outros materiais. Essas partículas causam uma descoloração escura sobre a neve. ![]() Imagem comparativa do sul da Austrália entre dezembro de 2014 e novembro de 2019. A poeira e a fuligem que chegam à região transformaram a cor de algumas geleiras. Crédito: NASA.
Ainda segundo McGowan, as acumulações de poeira costumam acontecer só no final do verão austral e não no mês de novembro. A preocupação é que anos de seca severa poderão tornar o pó mais abundante sobre as geleiras e trazer conseqüências para o ambiente da região. É fato que a Austrália viveu um clima quente e seco muito rigoroso em 2019, com as temperaturas anuais mais altas já registradas. Os cientistas devem esperar até o final do verão para analisar como as partículas escuras afetaram a massa das geleiras, ou seja, se elas tiveram uma ganho ou uma perda líquida de gelo. Caso o transporte de poeira e fuligem da Austrália se torne uma forte característica nos próximos verões, isso afetará de forma mais rápida a massa das geleiras nas próximas décadas, avaliam os pesquisadores.
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