Saiba como vai ficar o clima do outono no Brasil com a neutralidade do Pacífico

O outono, no Hemisfério Sul, começou no dia 20 de março, às 6h01, iniciando o período de transição para o inverno. Este ano, a nova estação deverá ser marcada pela condição de neutralidade nas águas do Pacífico Equatorial. O que esperar do clima nas Regiões do Brasil?

Mapa mostra anomalia da temperatura da superfície do mar na região do Pacífico Equatorial e Leste em março de 2025. Crédito: NOAA

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La Niña se despede
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) ainda mantém o status atual de aviso de La Niña em seu último boletim deste mês de março. Entretanto, as condições de neutralidade no Pacífico Equatorial já começaram a aparecer e devem persistir por um longo período.

A NOAA indica chance alta de neutralidade, ou seja, sem características de La Ninã ou El Niño, no oceano Pacífico equatorial, durante todo o outono e inverno no Hemisfério Sul. A chance segue maior que 50% até o trimestre julho-setembro de 2025.

Projeção da condição de neutralidade do Pacífico nos próximos meses. Crédito: NOAA

Durante o mês de fevereiro, as temperaturas da superfície do mar (SST), que estavam abaixo da média, perderam força no Pacífico central e central-leste. Em outras palavras, o resfriamento do Pacífico diminuiu.

O resfriamento anormal também enfraqueceu nas águas abaixo da superfície, mas as anomalias negativas ainda apareceram nas camadas mais profundas do Pacífico leste ao central.

A formação dos ventos em baixos e altos níveis da atmosfera e a intensificação da convecção perto da Indonésia também foram fatores, apontados pela NOAA, que continuaram indicando condições de uma La Niña enfraquecida e já com tendência para a neutralidade.

Uma próxima discussão e atualização das previsões pela NOAA devem ocorrer em 10 de abril.

O que esperar para o Outono no Brasil?
Embora a predominância do Pacífico Equatorial seja de neutralidade, um El Niño costeiro, na faixa litorânea do Peru e do Equador, vem sendo observado.

As águas superficiais na costa dos dois países estão mais quentes do que a média, que produz um efeito muito mais localizado do que global. A presença do El Niño costeiro, reduz a probabilidade de ingressos de massa de ar frio neste início de outono, segundo a análise da MetSul.

Também "neutralidade" não significa necessariamente "normalidade" e alguns desvios no padrão do clima poderão ocorrer de forma diferente em cada Região do Brasil.

Mapas mostram previsão de anomalias de chuva e temperatura em relação à média para o trimestre abril, maio e junho no BR. Crédito: INMET, CPTEC/INPE e FUNCEME

As previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) são de um outono com chuva abaixo da média em muitas áreas do Sul, ficando mais próxima da média ou até acima no centro-sul do Rio Grande do Sul. Há a tendência de menor frequência de frio, entretanto as primeiras massas polares já poderão chegar, provocando declínio acentuado nas temperaturas em altas altitudes.

A Região Sudeste deve ter uma estação com chuva abaixo da média de maneira geral. Alguns eventos de chuvas intensas podem acontecer na porção leste pela passagem de frentes frias. As temperaturas deverão ficar acima da média para o outono e o friozinho mais intenso também observado áreas de maior altitude, assim como a Região Sul do Brasil.

A tendência de seca no Centro-Oeste, comum nesta época do ano, vai predominar e as temperaturas também ficarão acima da normalidade para o período.

No extremo das Regiões Norte e Nordeste, é onde chove mais durante o outono no Brasil.

A previsão de clima indica para este ano, condições de chuvas acima da média em todo o centro-norte da Região Norte. Nas outras áreas, deve ser observado uma chuva mais perto do normal. Toda Região Norte fica quente, com valores até 2°C acima da média entre o Pará e o Tocantins.

As chuvas mais regulares no Nordeste devem acontecer no norte do Maranhão, do Piauí, do Ceará e norte e leste do Rio Grande do Norte devido à atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).

O centro-sul do Nordeste fica em condições desfavoráveis para chuva e a maioria das áreas segue com clima seco. A tendência também é de calor acima do normal em grande parte da Região, com temperaturas mais amenas para os padrões locais, especialmente na costa norte, onde se esperam as chuvas mais volumosas.

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