Segunda-feira, 26 abr 2021 - 16h20
Por Maria Clara Machado
Satélites que orbitam a Terra a cerca de 800 quilômetros de altitude conseguem obter dados que ajudam a mapear o que está acontecendo no ambiente entre nordeste da China e o leste da Rússia. Muitos agricultores utilizam a velha prática conhecida de usar o fogo para preparar os campos para o próximo plantio e assim os incêndios se multiplicam neste período.
Imagem de satélite do Suomi NPP revela grande quantidade de pontos de calor e fumaça entre Harbin (China) e Vladivostok (Rússia). Crédito: NOAA/NASA A prática de queimar restos da plantação anterior e remover os detritos a fim de preparar o solo para o próximo cultivo é comum entre os agricultores de Heilongjiang, uma província no nordeste da China. Milho, arroz e feijão estão entre os grãos desta região que é uma das áreas de produção de alimentos mais importantes do país. O problema recorrente é que os incêndios deixam o céu coberto por fumaça piorando os níveis de qualidade do ar nesta parte da China. Uma imagem em cor natural capturada pelo satélite O Suomi NPP começou a detectar atividades de fogo na região desde março de 2021, coincidindo com o derretimento da cobertura de neve. O número de focos teve um salto em abril, especialmente em torno de Harbin. As queimadas de palha nesta região costumavam acontecer no outono, mas com a ajuda dos satélites e os dados coletados é possível observar a mudança de comportamento ao longo dos anos especialmente a partir de 2015. Esse foi o ano em que as autoridades proibiram a queima durante o outono numa tentativa de minimizar a poluição no ar, em conjunto com incentivos para encontrar outras utilidades para a sobra da palha. A mudança resultou numa redução geral das emissões de gases de efeito estufa e partículas poluentes, segundo apontou um estudo, mas o problema não acabou. A maioria dos incêndios nas plantações em Heilongjiang agora se concentra exatamente nos meses de março e abril, na primavera, e ainda espalha uma massa de poeira e gera alta concentração de aerossóis. Grande concentração de aerossol é observada próximo a Heilongjiang onde acontecem os incêndios em plantações. Crédito: Satélite Suomi-NPP, NOAA/NASA. Uma massa de poeira se espalha na região nordeste da China como mostra a animação de partículas gerada por modelos da NASA. Crédito: Windy/NASA
Muitas vezes os incêndios que começam em plantações se agravam e atingem florestas, como notificaram as autoridades russas sobre as áreas próximas a Vladivostok. A situação pode sair de controle e virar grandes incêndios florestais. |
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