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Quinta-feira, 13 jun 2024 - 11h12
Por Maria Clara Machado

Satélites monitoram situação crítica de incêndios precoces e intensos no Pantanal

As consequências do baixo volume de chuva durante a estação chuvosa no Pantanal, que normalmente vai de outubro a abril, estão aparecendo agora de forma avassaladora no bioma. A vegetação secou muito mais cedo e os rios estão baixos, resultando na propagação de incêndios florestais intensos bem antes do início da temporada.

Incêndios se alastram no Pantanal muito antes do início da temporada. Crédito: Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul
Incêndios se alastram no Pantanal muito antes do início da temporada. Crédito: Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul

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O cenário predominante de uma vasta planície composta por lagos, matagais, florestas, pastagens inundadas no Pantanal brasileiro está dando lugar à vegetação seca e ao nível baixo dos rios.

Incêndios precoces e intensos avançaram por áreas que deveriam estar úmidas no Pantanal brasileiro desde o final de maio e foram capturados por imagens de satélite.

O instrumento MODIS do satélite Aqua, da NASA, detectou 549 incêndios ativos na última terça-feira, 11 de junho, número recorde para junho em qualquer outro registro do INPE desde 1998.

Seis grandes incêndios estão contínuos e a vegetação queimada aparece nas imagens de satélite. Uma imagem em cores alteradas para facilitar a visualização, revela as áreas úmidas do Pantanal ao oeste de Mato Grosso do Sul no dia 2 de maio.

Pantanal de Mato Grosso do Sul visto por satélite em 2 de maio. Crédito: Aqua/NASA
Pantanal de Mato Grosso do Sul visto por satélite em 2 de maio. Crédito: Aqua/NASA

A mesma região aparece com vários locais queimados, identificados pela cor marrom, no dia 11 de junho. A vegetação poupada aparece em verde.

Áreas devastadas pelo fogo em Mato Grosso do Sul aparecem em imagem de satélite em 11 de junho. Crédito: Aqua/NASA
Áreas devastadas pelo fogo em Mato Grosso do Sul aparecem em imagem de satélite em 11 de junho. Crédito: Aqua/NASA

Em outra imagem de satélite em cores naturais, é possível observar um grande rastro de fumaça de vários focos ativos, que atravessa o estado, em direção a Corumbá, na fronteira com a Bolívia, no dia 9 de junho.

Imagem de satélite mostra rastro de fumaça de incêndios no Pantanal de Mato Grosso do Sul em 9 de junho. Crédito: Aqua/NASA
Imagem de satélite mostra rastro de fumaça de incêndios no Pantanal de Mato Grosso do Sul em 9 de junho. Crédito: Aqua/NASA

O Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul afirma que pelo menos 32 mil hectares de mata já foram queimados no estado.

Incêndios aumentaram mais de 1000% até agora em 2024
O número de focos de incêndios disparou no Pantanal e teve aumento de 1127% no intervalo entre primeiro de janeiro e 12 de junho de 2024, na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com os dados atualizados do Programa de BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Foco de incêndio atinge área do Pantanal de Mato Grosso do Sul. Crédito: Viviane Amorim/divulgação Corpo de Bombeiros de MS
Foco de incêndio atinge área do Pantanal de Mato Grosso do Sul. Crédito: Viviane Amorim/divulgação Corpo de Bombeiros de MS

Foram registrados 1632 focos no bioma até agora em 2024, contra 133 focos de queimadas no mesmo período de 2023.

Separadamente, os estados de Mato Grosso do Sul e de Mato Grosso, que abrangem o bioma Pantanal, também apresentam uma grande disparada nas queimadas, com aumento de 197% e 65%, respectivamente, em relação ao ano passado.

Mato Grosso já registrou mais de 7 mil focos em quase seis meses e Mato Grosso do Sul mais de 2 mil.

A disparada no número de queimadas acontece antes do período considerado mais crítico no risco de incêndios no Pantanal, que costuma começar em julho e ter pico nos meses de agosto e setembro. O fogo antecipado veio juntamente com a seca e o rio Paraguai, principal bacia do bioma, já registra nível baixo recorde.

O El Niño 2023-2024 é apontado como um dos fatores que agravou a situação e trouxe condições meteorológicas mais secas e quentes para o bioma nos últimos meses.

O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais do Brasil (CEMADEN) aponta que o Pantanal veio registrando déficit geral de precipitação, assim como chuvas irregulares, durante todos os meses de dezembro de 2023 a maio de 2024. No início desse mês, o Pantanal já enfrentava a situação de seca extrema.

Os incêndios precoces e intensos vistos até agora em 2024 são maiores que o começo da temporada de 2020, quando na ocasião os focos de fogo catastróficos queimaram 39 mil quilômetros quadrados, ou cerca de um terço do bioma.

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