Quinta-feira, 25 jul 2024 - 11h08
Por Maria Clara Machado
Está tudo pronto para Paris receber as provas de natação do triatlo e da maratona aquática a serem realizadas a partir do dia 30 de julho nas Olimpíadas de 2024. Um projeto histórico, envolvendo investimentos equivalentes a 8 bilhões de reais, começa a tornar realidade o sonho da despoluição do Rio Sena e apropriado para banho.
Prefeita de Paris, Anne Hidalgo, banhou-se no Sena em 17 de julho. Crédito: Jean-Baptiste Gurliat/Ville de Paris/Fotos Públicas
Até 1923 ainda era possível nadar no Sena, mas a partir da metade do século 19, o rio passou a ficar cada vez mais poluído, impossibilitando o uso por banhistas. A história mostra que a rede de saneamento básico construída em Paris inicialmente acabou com o problema do esgoto a céu aberto, grande responsável por epidemias, como a cólera. Entretanto, essa mesma rede acabou por despejar o esgoto nas águas do Sena, poluindo o rio por décadas. A tecnologia antiga recolhia a água da chuva e o esgoto para tratamento pela mesma tubulação e quando chuvas fortes deixavam o sistema saturado, o próprio rio era usado como escape. As comportas precisavam ser abertas e o esgoto ainda não tratado era despejado no rio.
O novo sistema de coleta de esgoto tem como a obra principal, inaugurada em maio, um tanque gigantesco de 50 metros de diâmetro e 30 metros de profundidade, com capacidade equivalente a 20 piscinas olímpicas. A água, que antes ia diretamente para o Sena, agora é desviada por um sistema de túneis, recolhida por este tanque e posteriormente tratada. Além disso, o projeto revitalizou as margens do Sena, em Paris, criando parques e plantando árvores, afastando cerca de 40 mil carros que circulavam por dia nestas áreas. As centenas de barcos restaurantes e de residentes, que ficam estacionados em parte da região, também obedecem as regras para não poluir mais o Sena. Há quase uma década, as embarcações passaram a ter um sistema moderno de coleta de esgoto conectado à rede de Paris, que passa por toda a margem do rio. Desde junho, novas amostras de água do Sena de determinados pontos de Paris passaram a ser analisadas, mas inicialmente a quantidade de bactérias continuava alta e o rio permanecia inapropriado para banho. Numa corrida contra o tempo, as chuvas diminuíram e aos poucos as condições do rio começaram a ficar aptas para o banho. Prefeita de Paris, Anne Hidalgo, nada no Sena, após início do projeto histórico de despoluição. Crédito: Guillaume Bontemps/ Ville de Paris/Fotos Públicas
Prefeita de Paris, Anne Hidalgo pouco antes de entrar no Sena em 17 de julho. Crédito: Jean-Baptiste Gurliat/Ville de Paris/Fotos Públicas Numa demonstração dessa transformação histórica da qualidade da água do Sena, a ministra dos esportes da França, Amélie Oudéa-Castéra e a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, nadaram no rio nos últimos dias 13 e 17 de julho, provando que o sonho dos parisienses está muito próximo. Com a despoluição histórica do Sena em andamento, o desafio é que toda a população de Paris possa voltar a se banhar no rio até 2025. |
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