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Segunda-feira, 20 mar 2023 - 16h07
Por Maria Clara Machado

Enorme bolha de algas está se movendo em direção à Flórida e ao Caribe

Uma espécie de bolha de algas marinhas, com milhares de quilômetros de extensão, está se movendo pelo Oceano Atlântico, da costa da África em direção ao Golfo do México, e deve chegar às praias do Caribe e da Flórida, nos Estados Unidos, durante o verão no hemisfério norte. É a maior concentração de algas da espécie Sargassum já vista pelos pesquisadores.

Uma gigantesca quantidade de algas está se movendo pelo Atlântico em direção ao litoral dos EUA e a região do Caribe. Crédito: Reprodução de imagens de divulgação Brian Lapointe/FAU HBOI
Uma gigantesca quantidade de algas está se movendo pelo Atlântico em direção ao litoral dos EUA e a região do Caribe. Crédito: Reprodução de imagens de divulgação Brian Lapointe/FAU HBOI

A alga marinha é da espécie Sargassum (Sargaço), que inclui 300 tipos de algas marrons, e comum nesta época do ano, normalmente migrando pelo Atlântico em direção ao litoral dos Estados Unidos e do Caribe, mas o que está preocupando no momento é a enorme quantidade esperada para esta temporada.

Os cientistas vêm rastreando e estudando as acumulações densas das algas marinhas desde 2011 e a floração deste ano pode ser a maior já vista na história.

A bolha de algas marinhas, como vem sendo chamada pelos norte-americanos, abrange mais de 8000 quilômetros de extensão, é o dobro da largura dos Estados Unidos continental.

Pesquisadores da Flórida explicam que a floração atual começou mais cedo e dobrou de tamanho entre os meses de dezembro de 2022 e janeiro de 2023, atingindo um volume nunca visto na última década.

A expectativa é que a enorme massa de algas marinhas passe pelo Mar do Caribe e suba até o Golfo do México durante os meses do verão. As algas devem aparecer em maior quantidade nas praias da Flórida em junho, avaliam os pesquisadores.

“Este é um fenômeno oceanográfico inteiramente novo que está criando realmente um problema catastrófico para o turismo na região do Caribe, onde se acumula em até 1,8 metros de profundidade em algumas praias”, declarou Dr. Brian Lapointe, pesquisador do Harbor Branch Oceanographic Institute da Florida Atlantic University.

Para os pesquisadores as descobertas sobre as acumulações de sargassum são novas e precisam continuar. Os especialistas ainda não sabem se uma floração de algas nesse nível será uma tendência nos próximos anos ou se a situação poderá até piorar em 10 anos, por exemplo.

Grandes montantes de algas devem atingir as praiais da Flórida em junho. Crédito: Reprodução de imagens de divulgação Brian Lapointe/FAU HBOI
Grandes montantes de algas devem atingir as praiais da Flórida em junho. Crédito: Reprodução de imagens de divulgação Brian Lapointe/FAU HBOI

Imagens de satélite estão contribuindo bastante para os alertas precoces. As imagens em alta resolução de áreas costeiras ajudam a monitorar a quantidade de algas chegando em uma praia num prazo de 24 a 48 horas.

Na última semana, montantes de algas marinhas já era avistadas a menos de 400 quilômetros de Guadalupe, entre as ilhas de St. Vincent e Bequia, e a cerca de 900 metros da Martinica e da costa de Key Largo, na Flórida.

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Saiba mais sobre a Sargassum
A Sargassum tem a coloração marrom e em grandes quantidades acaba gerando odor desagradável ao liberar o gás sulfeto de hidrogênio, ao entrar em decomposição exposta ao sol por alguns dias.

O gás é tóxico e pode causar problemas respiratórios. "Assim, a limpeza das algas nas praias deve ser feita com muito cuidado", ressaltou Lapointe.

Cientistas querem entender se a grande concentração de algas vai se repetir nos próximos anos. Crédito: Reprodução de imagens de divulgação Brian Lapointe/FAU HBOI
Cientistas querem entender se a grande concentração de algas vai se repetir nos próximos anos. Crédito: Reprodução de imagens de divulgação Brian Lapointe/FAU HBOI


Segundo a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, a proliferação das algas marinhas pode mudar ano a ano influenciada por fatores como disponibilidade de nutrientes, chuvas, ventos e outras questões do clima.

As atividades humanas como a agricultura e a produção de combustíveis fósseis podem gerar concentrações de fósforo e nitrogênio. Esses elementos, por sua vez, podem ser despejados nos oceanos pelos rios e alimentar as algas, explicam os especialistas.

Quando estão à deriva em alto mar são benéficas para a vida oceânica, pois fornecem alimento e proteção para os peixes, mamíferos, aves marinhas, caranguejos e até para as tartarugas marinhas, entre outras espécies.

Os problemas começam a acontecer quando as algas atingem as praias em grande quantidade e o acúmulo descontrolado acaba afetando inclusive a navegação.

No fundo do oceano, essa grande concentração pode ter efeito contrário sugando oxigênio da água e desestabilizando o habitat de inúmeras espécies.

Toneladas de algas marinhas podem também interferir no desenvolvimento de algumas espécies como as tartarugas. Ao chegar em grande quantidade na faixa de areia podem fechar os ninhos e degradar as áreas costeiras.

O duro trabalho de limpar o Sargassum das praias passa por redes de pesca em águas rasas, ancinhos na areia puxados por trator e até a utilização de caminhões basculantes, mas que são sempre uma ameaça aos ninhos de tartarugas.

Os especialistas alertam que o Sargassum em grande quantidade precisa ser retirado das praias sob risco de afetar a saúde humana e de favorecer o crescimento de bactérias.

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