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Quarta-feira, 11 out 2023 - 14h27
Por Maria Clara Machado

Rio Madeira tem menor nível em 56 anos e enfrenta situação crítica de escassez

O agravamento da seca na Bacia Amazônica está tendo forte impacto no nível do rio Madeira, que corta os estados do Amazonas e de Rondônia. A Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou situação crítica de escassez de recursos hídricos no rio na terça-feira, válido até o dia 30 de novembro. O nível do rio atingiu o pior registro na capital Porto Velho em pelo menos cinco décadas.

Rio Madeira em Porto Velho, onde o nível é o mais baixo em 56 anos. Crédito: Imagem ilustrativa/Defesa Civil de Porto Velho
Rio Madeira em Porto Velho, onde o nível é o mais baixo em 56 anos. Crédito: Imagem ilustrativa/Defesa Civil de Porto Velho

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Seca histórica
Segundo a Agência, o nível de água do rio Madeira em Porto Velho já é o mais baixo observado em 56 anos de medição. O nível do rio chegou a 1,17 metros na capital na segunda-feira, dia 9, superando a cota mínima de 1,44 metros, registrado no ano passado e que já tinha sido recorde em 17 anos.

A declaração feita pela ANA tem o objetivo de definir e fiscalizar o cumprimento de regras de uso da água no rio Madeira, assim como sinalizar diversos setores entre a navegação, geração de energia, abastecimento e outros, durante o período crítico de escassez.

A época de chuva ao longo do rio Madeira, que é afluente do rio Amazonas, normalmente vai de novembro a abril, enquanto o período seco natural se estende em geral de maio a outubro.

Entretanto, a atuação do fenômeno El Niño está reduzindo a chuva de maneira geral na Bacia Amazônica este ano, e juntamente com outros fatores, agravando a seca no nível dos rios.

Normalmente, o rio Madeira é uma importante hidrovia usada para transporte fluvial de carga e passageiros, com um trecho navegável de mais de mil quilômetros entre Porto Velho (RO) e Itacoatiara (AM), mas a situação está comprometida.

A cerca de 20 quilômetros do centro de Porto Velho, em Rondônia, o rio secou completamente e a paisagem é de deserto.

Em vários trechos da extensão do rio Madeira de quase 1500 quilômetros, há enormes barrancos de areia, grandes pedras e rachaduras no chão, que impossibilitam a navegação e vêm dificultando a entrega de mercadorias.

Além disso, pelo menos 15 mil moradores ribeirinhos enfrentam problemas de abastecimento de água.

Hidrelétricas paralisam
O rio Madeira integra a lista de 13 principais rios que formam a maior bacia hidrográfica do Brasil e do Mundo e que enfrenta atualmente uma das piores secas já registradas na história.

A situação crítica obrigou a paralisação de hidrelétricas, que atendem os estados do Acre e Rondônia, e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) já anunciou o uso complementar das térmicas Termonorte I e II para a geração de energia na região.

Duas importantes usinas hidrelétricas estão localizadas no rio Madeira, Jirau e Santo Antônio, e estão impossibilitadas de operar desde o começo do mês.

O acompanhamento diário feito pelo Apolo11 das reservas hídricas no Brasil, utilizando dados da ONS, mostra que a capacidade de geração de energia elétrica pelo Subsistema Norte estava em 98,41% no final de abril, após a época normal das chuvas na Amazônia.

A queda no nível dos reservatórios começou a ser observada com maior evidência a partir de agosto e com uma diminuição diária e veloz. Na última atualização feita pela ONS, no dia 10 de outubro, a capacidade do Subsistema Norte estava em 68,1%.

Crédito: Apolo11.com/ONS
Crédito: Apolo11.com/ONS

O volume útil dos reservatórios do Subsistema Norte é composto pelas bacias Amazonas e Tocantins, onde estão três principais reservatórios de água para a produção de energia.

Gráfico mostra a evolução quinzenal da capacidade dos Subsistemas que compõem o Sistema Elétrico Brasileiro. Crédito: Apolo11.com/ONS
Gráfico mostra a evolução quinzenal da capacidade dos Subsistemas que compõem o Sistema Elétrico Brasileiro. Crédito: Apolo11.com/ONS

El Niño 2023/2024
O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgaram nota técnica em conjunto esta semana em que sinalizam as previsões para o El Niño até o final do ano.

Segundo a nota, os modelos climáticos globais continuam indicando condições favoráveis para o El Niño até o outono de 2024.

Alguns modelos climáticos sugerem o desenvolvimento do El Niño com intensidade moderada e outros com intensidade forte, em que as anomalias de temperatura da superfície do Pacífico central poderão ser superiores a 1,5°C, destacando que o auge de atuação poderá acontecer em dezembro de 2023.

Os modelos também preveem a continuidade de condições de águas mais quentes do que o normal no Atlântico Tropical Norte.

Nesse cenário do El Niño no Pacífico e do Atlântico Norte mais quente, os déficits com secas generalizadas nas regiões Norte e Nordeste devem continuar.

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