Terça-feira, 1 ago 2023 - 09h53
Por Maria Clara Machado
Ondas de calor marinhas, cada vez mais evidentes e frequentes, vêm sendo monitoradas pelos cientistas em várias partes do globo como uma grande preocupação no cenário das mudanças climáticas. A temperatura da superfície do mar atingiu recentemente patamares jamais vistos em águas do Atlântico Norte e do Mediterrâneo.
Mapa indica temperaturas na superfície em parte do Pacífico e Atlântico, gerada por modelos meterológicos em primeiro de agosto. Crédito: WINDY
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) divulgou dados que indicaram uma temperatura média recorde de 24,9°C nas águas superficiais do Atlântico Norte, observada em 26 de julho. É a maior temperatura média do Atlântico desde o início dos registros na década de 80 e está mais de um grau acima do considerado normal para esta época do ano. Os cientistas observam que esta anomalia deve continuar em agosto, podendo gerar novos recordes de temperatura do mar. Grande parte do oceano global estava mais quente que a média em julho de 2023. Crédito: NOAA
Dados adquiridos por satélite do Programa Copernicus da União Europeia, ESA, revelaram recordes de temperaturas globais da superfície dos oceanos há dois meses, o mais quente entre todos os meses de junho. Os pesquisadores também monitoraram uma onda de calor marinho entre maio e junho na costa oeste dos Estados Unidos e do Canadá. Outros áreas de calor marinho foram observados em meses recentes na Irlanda, no Reino Unido e no Mar Báltico, além de áreas litorâneas da Nova Zelândia e da Austrália e possivelmente ao sul da Groenlândia, no Mar do Labrador. A NOAA também monitora uma grande onda de calor no Golfo do Alasca desde 2022.
Além do aumento do calor provocado pelas mudanças climáticas, outro fator relevante este ano é retorno do fenômeno El Niño, que afeta principalmente as temperaturas da superfície do Pacífico equatorial e leste, mas acaba contribuindo para o aquecimento dos oceanos em geral. Entre os vários fatores que interferem na temperatura dos oceanos, os pesquisadores continuam estudando as causas e as consequências de um mar mais quente. Padrões regionais de circulação oceânica e atmosférica podem dar condições para ondas de calor marinhas prolongadas por meses e até anos. O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) de 2021 publicou que as ondas de calor marinhas dobraram de frequência entre 1982 e 2016 e estão mais intensas e longas desde a década de 1980. “Estamos tendo essas enormes ondas de calor marinho em diferentes partes do oceano que evoluem inesperadamente cedo no ano, muito fortes e em grandes áreas”, declarou Karina von Schuckmann, oceanógrafa e uma das pesquisadoras do assunto. “Como cientista do clima, estou preocupado com o fato de termos chegado mais longe do que pensávamos”, afirmou von Schuckmann. |
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