Sexta-feira, 30 jun 2023 - 09h30
Por Maria Clara Machado
Algas originárias dos mares do Japão e da Coreia estão invadindo as praias do Algarve, região turística muito procurada no sul de Portugal pelo terceiro ano. A invasão da alga japonesa, como popularmente é chamada, aumentou nas últimas duas semanas e assustou pelo acúmulo de até 1,20 metros de altura em algumas praias, formando uma grande barreira.
Vista litorânea em Carvoeiro, no Algarve. As águas e a areia sofrem invasão da alga japonesa. Crédito: reprodução ilustrativa sic notícias
Os especialistas explicam que a alga da espécie Rugulopteryx okamurae parece ter extrema resistência, o que reduz o seu consumo por herbívoros e por sua vez, o desenvolvimento de outras espécies na região onde se acumula. Altamente invasora, as algas cobrem o fundo rochoso e chegam à faixa de areia de praias antes cristalinas da região. Já para o ser humano, a alga não apresenta um risco imediato à saúde, porém a quantidade excessiva acaba afastando os turistas do Algarve, porque a sua decomposição após alguns dias perto da costa, acaba gerando um odor forte e uma modificação das condições da areia. Além do turismo, que é a principal fonte de renda do Algarve, a grande quantidade das algas ameaça também a pesca, como o polvo e de outras espécies, que acabam sendo expulsas das rochas e águas da região. Esta não é a primeira vez que este tipo de alga chega às praias de Portugal, tanto que há dois anos funciona uma plataforma para recolher dados e informações sobre as algas encontradas, comandada pelo Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve. Alga japonesa acumulada em praias dos Açores em 2019. Crédito: Divulgação Universidade dos Açores Os estudiosos observaram que a alga está presente nas costas rochosas do barlavento o ano todo, mas é nesta época que vem apresentando maiores condições para se desenvolver. A espécie apareceu pela primeira vez no sul da França e em seguida se alastrou para praias da Espanha, Marrocos e Portugal, sendo quase impossível de ser erradicada. O destino das algas continua sendo os aterros e o que se estuda agora são estratégias melhores de remoção ou um aproveitamento das algas em alguma utilização econômica futura, avaliam os pesquisadores. Entre as áreas mais afetadas estão praias de Albufeira à Portimão. Só na cidade de Carvoeiro, foram retiradas 300 toneladas de algas numa faixa de 90 metros de extensão nos últimos dias. Em trechos críticos, a altura das algas chegava na cintura. As autoridades municipais já tinham gastado 40 mil euros na limpeza das praias e remoção de cerca de 400 toneladas da espécie em setembro passado. Tendo em vista que o problema parece aumentar, o município já está desenvolvendo projetos-piloto para buscar amenizar a situação. Alga vermelha também afetou praias de Portugal em 2021 e 2022. Crédito: Diego Delso, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=118437153 Existe outro tipo de alga, denominada alga vermelha, que vem se acumulando também em praias mais centrais do Algarve. Esta é da espécie Asparagopsis armata vinda das águas da Austrália e na Nova Zelândia e grandes acumulações foram registradas em 2021 e 2022. O grande acúmulo do sargaço, entretanto, é alvo de problemas semelhantes em praias, por exemplo, do Caribe e da Flórida, nos Estados Unidos. |
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