Terça-feira, 26 mar 2024 - 09h14
Por Maria Clara Machado
Faltam pouco mais de dois meses para o início oficial da temporada de furacões do Atlântico de 2024 e o aumento recorde na temperatura da superfície dos oceanos observado em fevereiro é visto com grande apreensão pelos especialistas em clima. Um oceano mais quente tende a produzir mais tempestades. A volta do fenômeno La Niña também poderá ser decisiva.
Imagem do furacão Idalia sobre o Golfo do México em 29 de agosto de 2023, visto à bordo da Estação Espacial Internacional. Crédito: NASA
Além disso, a média diária da superfície dos oceanos também atingiu um novo máximo absoluto de 21,09°C no final do mês, pelos dados do Serviço Europeu Copernicus. Em particular no Atlântico Norte, as águas estão muito mais quentes do que o normal. Na principal zona de desenvolvimento dos furacões, a temperatura da superfície do mar está 0,6°C mais alta do que em qualquer outro período que se tem registros. De acordo com a NOAA, as temperaturas atuais estão muito próximas do que seria um cenário de junho, parecendo que o oceano já está na época dos furacões. Esse calor anômalo traz, portanto, grande preocupação e acende o sinal amarelo para a tendência de mais uma temporada hiperativa de furacões no Atlântico. Sete das últimas oito temporadas de furacões tiveram formações acima da média. A futura temporada de furacões do Atlântico, que começa em primeiro de junho, deve contar com mais um agravante este ano. A volta do fenômeno La Niña deve ocorrer durante a temporada e poderá impulsionar a formação de mais tormentas sobre as águas da região. Imagem de satélite mostra o furacão Idalia já próximo de tocar o solo da Flórida no final de agosto de 2023. Crédito: NASA
Em 2023, mesmo com a presença do El Niño, que tende ter um efeito contrário e mais brando na temporada de furacões do Atlântico, o período terminou com uma atividade 20% acima da média, segundo a NOAA. Um cenário de La Niña estabelecido, juntamente com as temperaturas oceânicas já acima do normal, poderá resultar numa temporada de furacões feroz e a comunidade científica monitora com atenção essa situação.
Imagem de satélite mostra o furacão Otis prestes a tocar o solo de Acapulco, em Guerrero, no México, em 25 de outubro de 2023. Crédito: NOAA O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC) tem quase uma superstição sobre os furacões mais mortais e destrutivos e é de praxe retirar os nomes de circulação. Otis vai ser lembrado como um imenso furacão destruidor de categoria 5, que arrasou a cidade turística mexicana de Acapulco, no estado de Guerrero, em outubro de 2023, na costa do Pacífico. Já Dora, também do lado do Pacífico, será lembrado por sua influência indireta nos incêndios florestais devastadores em Maui, no Havaí, em agosto de 2023. Dora já havia saído da lista da bacia do Atlântico em 1964. Este ano, o Comitê da OMM não retirou nenhum nome da listagem do Atlântico. Esta é a primeira vez desde 2014. Os nomes dos furacões são repetidos a cada seis anos, a menos que uma tempestade seja tão mortal e, então, retirada das listagens. “Todos sabemos que 2023 foi o ano mais quente já registrado no planeta. O desenvolvimento do El Niño no Oceano Pacífico desempenhou um papel importante, mas também observamos níveis sem precedentes de aquecimento dos oceanos Atlântico Norte e tropical. Isso continuará em 2024”, declarou a Secretária-Geral da OMM, Celeste Saulo. |
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