Domingo, 12 mar 2023 - 14h32
Por Maria Clara Machado
O ciclone tropical Freddy chegou a Moçambique no final da noite do sábado e está varrendo a costa este domingo, dia 12, pela segunda vez em duas semanas. Freddy vem sendo monitorado com atenção especial por especialistas em razão da sua persistência inédita. São 35 dias em que o fenômeno está ativo, sendo o mais duradouro da história desde o início das medições meteorológicas.
Imagem de satélite mostra o ciclone tropical Freddy sobre o Canal de Moçambique em 8 de março. Freddy vai entrar para a história como o ciclone mais duradouro. Crédito: Earthobservatory/NASA Freddy entrou no continente pela cidade portuária Quelimane, que foi completamente bloqueada antes da chegada da tormenta. Mais de meio milhão de pessoas das províncias da Zambézia, Tete, Sofala e Nampula estão sob alerta do ciclone. Os ventos destrutivos acima de 120 km/h destelharam casas, quebraram janelas, provocaram alagamentos e bloqueios nas regiões e há pelo menos mais uma vítima fatal. Falta energia elétrica em diversas localidades e voos foram suspensos, informaram agências internacionais este domingo. A primeira vez que Freddy tocou o solo de Moçambique foi em 24 de fevereiro varrendo o sul do país e afetando mais de 171 mil pessoas com chuvas torrenciais e inundações, que destruíram plantações e moradias. A estimativa divulgada pelas autoridades é de 27 mortos pelo ciclone até agora, 10 em Moçambique e 17 em Madagascar. A agência nacional de gestão de desastres de Moçambique, INGD, estima que 1,75 milhão de pessoas foram afetadas nas áreas africanas com mais de 8 mil evacuados. Dados mostram que o ciclone despejou o equivalente a mais de um ano de chuva em Moçambique nas últimas semanas e três vezes a média de fevereiro em Madagascar no curto período de uma semana.
Os especialistas querem analisar em detalhes a longa vida útil de Freddy saber se o fenômeno chegou a enfraquecer em algum momento, abaixo do status de tempestade, para que se possa confirmar o feito de ciclone tropical mais duradouro da história. O fenômeno já bateu recorde da maior energia de ciclone acumulada de qualquer tempestade do hemisfério sul da história e deve ser considerado oficialmente como o mais duradouro de todo o globo, superando o furacão John, que atuou no Pacífico leste por 31 dias em 1994.
Trajeto completo de Freddy desde 6 de fevereiro a 11 de março de 2023, quando tocou o solo pela terceira vez. Crédito: By Meow/Wikipedia/NASA/NOAA Nas semanas seguintes, atravessou o Oceano Índico, atingindo a categoria 5 na escala de ventos durante o trajeto. Tocou o leste da ilha de Madagascar em 21 de fevereiro, enfraquecendo para a categoria 3. Na sequência, Freddy cruzou a ilha de Madagascar e se intensificou novamente sobre o Canal de Moçambique tocando o solo do sul de Moçambique em 24 de fevereiro. Depois de percorrer quase 10 mil quilômetros e tocar o solo duas vezes, o natural seria que a tormenta perdesse força até se dissipar, mas no começo de março Freddy retornou às águas quentes do Canal de Moçambique. Entre os dias 5 e 11 de março, Freddy continuou ativo sobre a região e por fim tocou o solo de Moçambique novamente no sábado à noite. |
Procure no Painel
|
Painelglobal.com.br - Todos os direitos reservados - 2008 - 2024