Segunda-feira, 4 dez 2023 - 11h12
Por Maria Clara Machado
A Defesa Civil de Maceió permanece em alerta máximo devido ao risco iminente de colapso da mina número 18, da Braskem, localizada no bairro do Mutange, na região da lagoa Mundaú. Em nota oficial, o órgão informou que a velocidade vertical de afundamento da mina diminuiu nas últimas 24 horas, mas ainda segue muito elevada com risco de desmoronamento a qualquer momento.
Ladeira do Calmon, rota de fuga do bairro Mutange, em Maceió, em caso de saída imediata. Crédito: Gésio Passos/Agência Brasil/Fotos Públicas
Apesar da diminuição observada, a velocidade do afundamento ainda é considerada alarmante na comparação com o deslocamento do solo observado anualmente, que é de 20 cm. Cinco bairros estão interditados e pelo menos cinco mil pessoas foram retiradas desde a sexta-feira, dia primeiro de dezembro. Ao longo dos anos, já foram 60 mil pessoas deslocadas das áreas de mineração da Braskem em Maceió. Região interditada devido ao risco iminente de colapso da mina 18, da Braskem, em Maceió. Crédito: Gésio Passos/Agência Brasil/Fotos Públicas Tremores de terra começaram a ficar mais frequentes no dia 27 de novembro e acenderam o alerta de risco de desabamento da mina de sal-gema 18, que faz parte de uma cadeia de 35 minas na região urbana de Maceió. O solo chegou a afundar 50 cm por dia na mina 18 na semana passada. O Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) detectou um tremor de magnitude 1.4 às 1h48 no dia 27 de novembro e dois tremores de 1.7 e 1.6 magnitudes às 2h50 e às 16h12 (hora de Brasília), no dia 28, respectivamente. Os mesmos tremores com as mesmas intensidades também foram detectados por estações do Observatório Sismológico de Brasília. Mapa mostra local dos tremores de terra detectados no final de novembro na região da Lagoa Mundaú, em Maceió. Crédito: OBSIS/UnB/Google Maps Outros tremores de terra de baixa magnitude foram registrados entre os dias 27 de novembro e primeiro de dezembro, em localidades como Belo Monte, Craíbas, Arapiraca e Atalaia, no estado de Alagoas.
Os técnicos da Defesa Civil de Maceió e os especialistas não afirmam ao certo o que pode resultar desse colapso histórico. Durante o fim de semana, novas análises levantaram a hipótese de um afundamento localizado e não generalizado sob a lagoa, como se cogitou inicialmente. Ainda assim, é precoce qualquer afirmação já que o solo continua bastante instável e risco de uma tragédia ambiental e social sem precedentes é alto. Num pior cenário, o desabamento da mina de sal-gema resultaria no vazamento de salmoura na lagoa Mundaú, o que pode causar impactos ambientais nunca vistos em uma área urbana, superando inclusive a tragédia de Mariana. O afundamento do solo pode ter um impacto abrupto em grande parte da área ao redor, que inclui pelo menos cinco bairros de Maceió. Em nota a Braskem avalia dois cenários possíveis, um deles é a chance de acomodação gradual do solo e até uma estabilização e outro um possível colapso, com uma acomodação abrupta. Mais de cinco mil pessoas foram evacuadas na última semana em bairros de Maceió, que correm o risco de afundar. Crédito: Gésio Passos/Agência Brasil/Fotos Públicas
A exploração das minas é feita por poços cavados, que injetam água para a camada onde está o sal-gema e gerando a salmoura. Na sequência, a salmoura é retirada das minas e o espaço é novamente preenchido com material líquido para dar estabilidade ao solo. Nas últimas quatro décadas de exploração da Braskem, parte das minas teve vazamento de líquido, como está ocorrendo com a mina 18. Essa instabilidade gera grandes cavidades subterrâneas e consequentemente o afundamento do solo. |
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