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Terça-feira, 24 jan 2023 - 10h31
Por Maria Clara Machado

Enorme iceberg se desprende da Plataforma de Gelo Brunt na Antártida

Um enorme iceberg, equivalente ao tamanho da cidade de São Paulo ou da Grande Londres, acaba de se desprender da Plataforma de Gelo Brunt, no continente antártico. Uma grande rachadura ao longo da plataforma vinha aumentando naturalmente nos últimos dez anos e culminou com o nascimento do novo iceberg.

Imagem de satélite adquirida pelo Suomi/NPP mostra o surgimento do novo iceberg dia 23 de janeiro. Crédito: NASA
Imagem de satélite adquirida pelo Suomi/NPP mostra o surgimento do novo iceberg dia 23 de janeiro. Crédito: NASA

Você pode preferir ouvir os comentários desta notícia no Podcast Enorme Iceberg A81 se desprende e mais destaques da semana

Sobre a Plataforma de Gelo Brunt está a Estação de Pesquisa BAS Halley VI, onde cientistas monitoram e estudam o comportamento do gelo na região e as informações são de que a base não sofreu instabilidade inicial com este rompimento recente.

O evento é o segundo maior rompimento da área nos últimos dois anos e acontece cerca de dez anos após as primeiras rachaduras serem detectadas pelos pesquisadores British Antarctic Survey (BAS).

Localização da Estação Halley VI, na Plataforma de Gelo Brunt, no continente antártico ao leste da rachadura Chasm-1.
Localização da Estação Halley VI, na Plataforma de Gelo Brunt, no continente antártico ao leste da rachadura Chasm-1.

O nascimento do iceberg
A nova gigantesca placa de gelo de aproximadamente 1550 km² se desprendeu da plataforma Brunt a partir da rachadura conhecida como Chasm-1, no último domingo, 22 de janeiro, próximo das 20:00 UTC, segundo confirmações da BAS.

Os primeiros sinais de mudança na fenda Chasm1 apareceram em imagens de satélite de 2012, depois de 35 anos inalterados. A rachadura continuou crescendo desde 2015 e em dezembro de 2022 se estendia por toda a Plataforma de Gelo Brunt marcando o início do evento de parto, como é chamado o nascimento do iceberg.

O novo iceberg que se formou ao longo da linha do Chasm-1, ao oeste da estação, é ligeiramente maior que o A74, que se desprendeu ao norte da Estação Halley VI em fevereiro de 2021, e deve receber em breve um nome do Centro Nacional de Gelo dos Estados Unidos. Possivelmente vai seguir o mesmo caminho marítimo do A74 em direção ao mar de Weddell.

O antes e depois do surgimento do iceberg foi divulgada esta terça-feira, dia 24, pela BAS:

Enorme placa de gelo ainda presa à plataforma Brunt em 22 de janeiro de 2023. Crédito: BAS
Enorme placa de gelo ainda presa à plataforma Brunt em 22 de janeiro de 2023. Crédito: BAS

A placa de gelo já é um iceberg em 24 de janeiro de 2023. Crédito: BAS
A placa de gelo já é um iceberg em 24 de janeiro de 2023. Crédito: BAS

Processo natural
O professor Dominic Hodgson, glaciologista da BAS, ressalta que o surgimento do novo iceberg já era esperado seguindo um comportamento natural da Plataforma de Gelo Brunt e sem relação com as mudanças climáticas.

A Plataforma de Gelo Brunt flutuante tem até 150 metros de espessura fluindo a uma taxa de 2 quilômetros por ano em direção ao mar, e assim, em intervalos irregulares, novos icebergs vão se desprendendo.

Segundo a BAS, as mudanças na plataforma Brunt são processos naturais, sem conexão com os outros eventos de desprendimentos rápidos observados na Plataforma de Gelo Larsen C.

Estação de Pesquisa Halley VI
A Estação de Pesquisa Halley, a sexta desde 1956, fica localizada sobre a plataforma Brunt e tem o status de estação global da Organização Meteorológica Mundial. Em 2016, precisou ser realocada 23 quilômetros mais distante da rachadura Chasm-1, quando esta começou a aumentar.

Rachadura Chasm 1 na Plataforma de Gelo Brunt, que culminou com o nascimento do novo iceberg em 22 de janeiro de 2023. Crédito: BAS
Rachadura Chasm 1 na Plataforma de Gelo Brunt, que culminou com o nascimento do novo iceberg em 22 de janeiro de 2023. Crédito: BAS

Atualmente são 21 funcionários na Halley que permanecem durante os meses de verão da Antártica, entre novembro e março, e realizam experimentos remotamente durante o inverno rigoroso, que chega a registrar temperaturas inferiores a -50°C, numa escuridão de 24 horas por dia em mais de oito meses.

Há três anos, a BAS instalou um sistema autônomo de geração de energia para os instrumentos científicos sem a necessidade de funcionários presentes e que provou ser eficaz nas condições extremas de tempo enfrentando ventos fortes e nevascas sem uma interrupção da coleta de dados para a sede no Reino Unido.

O professor Dame Jane Francis, diretor da BAS, explica que as equipes fazem medições na plataforma Brunt diariamente e várias vezes ao dia utilizando uma rede de 16 instrumentos de GPS de alta precisão, analisando se a plataforma está se movendo ou se deformando e comparando os dados com imagens de satélite da NASA, ESA e do satélite alemão TerraSAR-X

Os instrumentos utilizados e as observações detalhadas permitem que os cientistas consigam cada vez mais monitorar as rachaduras com maior precisão.

Relembre:

Novo iceberg A74 do tamanho de São Paulo se desprende na Antártida



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