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Segunda-feira, 20 fev 2023 - 10h12
Por Maria Clara Machado

Entenda o que causou os 600 milímetros de chuva no litoral de São Paulo

A chuva excepcional que caiu sobre o litoral norte paulista no fim de semana atingiu o maior volume já observado no Brasil num curto período de tempo. Segundo dados divulgados pelo Governo do Estado de São Paulo, choveu mais de 600 mm em Bertioga e em São Sebastião e em mais de 300 mm em outras localidades como Guarujá, Ilhabela e Ubatuba, entre a tarde e noite do sábado e o domingo.

São Sebastião, no litoral norte paulista, teve chuva recorde de 627 mm entre sábado e domingo. Crédito: Divulgação Prefeitura de São Sebastião
São Sebastião, no litoral norte paulista, teve chuva recorde de 627 mm entre sábado e domingo. Crédito: Divulgação Prefeitura de São Sebastião

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A quantidade de chuva inédita para o período de 24 horas trouxe graves consequências com um saldo de 48 mortos até o momento. Deslizamentos de terra provocaram a morte de 47 pessoas em São Sebastião e de uma criança de sete anos em Ubatuba.

Além de morros que deslizaram, a chuva forte provocou grandes inundações em ruas, casas e carros e fez o asfalto ceder em vários trechos. As Rodovias Rio-Santos e Mogi-Bertioga permanecem com trechos interditados e sem previsão de liberação.

Volume de chuva excepcional provocou deslizamentos com mais de 30 vítimas fatais em São Sebastião. Crédito: Divulgação Prefeitura de São Sebastião
Volume de chuva excepcional provocou deslizamentos com mais de 30 vítimas fatais em São Sebastião. Crédito: Divulgação Prefeitura de São Sebastião

As interdições e o mau tempo durante todo o domingo dificultaram a chegada de ajuda e das equipes de resgate às áreas mais atingidas, como em São Sebastião. Os trabalhos prosseguiram pela madrugada desta segunda-feira, dia 20 e segundo último balanço da Defesa Civil ainda são pelo menos 40 pessoas desaparecidas, a maioria em São Sebastião. Cerca de 500 pessoas estão desabrigadas por conta dos desmoronamentos de dezenas de casas.

O Governo do Estado decretou situação de calamidade pública para seis cidades: São Sebastião, Ubatuba, Caraguatatuba, Bertioga, Guarujá e Ilhabela.

De acordo com a Defesa Civil, os volumes de chuva chegaram a 683 mm em Bertioga, 627 mm em São Sebastião, 395 mm em Guarujá, 337 mm em Ilhabela, 335 mm em Ubatuba e 234 mm em Caraguatatuba.

Ubatuba decretou calamidade pública e registrou a morte de um criança de sete anos. Crédito: Defesa Civil de Ubatuba
Ubatuba decretou calamidade pública e registrou a morte de um criança de sete anos. Crédito: Defesa Civil de Ubatuba

Deslizamentos interditam as rodovias Mogi-Bertioga e Rio-Santos. Crédito: Defesa Civil de Ubatuba
Deslizamentos interditam as rodovias Mogi-Bertioga e Rio-Santos. Crédito: Defesa Civil de Ubatuba

Fatores meteorológicos que agravaram a chuva
A meteorologia já alertava desde a semana passada para a mudança no tempo no estado de São Paulo durante o fim de semana do Carnaval e indicava volumes de chuva perigosos, que se configuraram em mais um evento climático extremo.

Segundo a previsão, uma frente fria viria do Sul do Brasil e ganharia o reforço de um sistema de baixa pressão atmosférica, que se desenvolveu na altura do litoral de São Paulo. Normalmente, os sistemas de baixa pressão sozinhos já favorecem chuva forte.

A junção dos dois fenômenos, alimentados ainda por muita umidade vinda do oceano, que está com as águas mais quentes do que o normal na região, resultou então, em horas seguidas de chuva forte e a quantidade extraordinária jamais observada em um curto período de tempo historicamente no país.

O volume de chuva surpreendeu pela quantidade e pela abrangência, segundo declarou o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

Outro fator que pode ter potencializado a chuva, apontado pela meteorologia, é a geografia do litoral paulista. Os ventos carregados de muita umidade vindos do mar se depararam com os morros das serras e resultam na chuva de origem orográfica, ou seja, associada ao relevo e que fica concentrada naquela área.

A chuva de um dia representou mais que o dobro de toda a chuva que normalmente cai durante o mês de fevereiro nas áreas entre Bertioga e São Sebastião. A média do mês varia entre 200 e 300 mm em cidades da região.

Os volumes de 600 mm podem ser comparados às grandes chuvas de monções, que costumam provocar as grandes inundações do sudeste asiático, no período em que elas ocorrem entre abril e outubro.

*esta notícia foi atualizada em 22 de fevereiro



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