Sexta-feira, 27 out 2023 - 13h06
Por Maria Clara Machado
A inesquecível erupção do vulcão submarino em Tonga, no Pacífico, está quase completando dois anos e os cientistas não pararam de concluir novos estudos sobre a mega explosão. O fenômeno bateu diversos recordes por ter sido o mais potente já registrado na era moderna dos satélites e ainda é grande objeto de pesquisas.
Imagens de satélite mostram a evolução da pluma vulcânica no evento em Tonga em janeiro de 2022. As cinzas chegaram a alcançar 58 km de altitude. Crédito: Joshua Stevens/Earth Observatory/NASA Mais um trabalho foi divulgado pelos pesquisadores e publicado na revista Science esta semana, no qual revela que a potente erupção vulcânica em Tonga, ocorrida em 15 de janeiro de 2022, destruiu quase imediatamente uma parte da camada de ozônio. Segundo os pesquisadores, a erupção em Tonga injetou mais vapor d’água na estratosfera do que qualquer outro evento já observado por satélites, o que causou uma grande e rápida perda de ozônio a 55 quilômetros de altitude. Essa possibilidade já tinha sido cogitada pelos cientistas logo após a grande explosão, mas só agora os pesquisadores conseguiram concluir a hipótese. Os cientistas utilizaram medições feitas por satélites e balões atmosféricos para o estudo. Os dados coletados quase em tempo real ajudaram os cientistas a explorar e estudar os primeiros efeitos químicos do evento inédito. A dinâmica da pluma mostra a injeção vulcânica de vapor de água, dióxido de enxofre e ácido clorídrico, provocando rápida ativação de cloro em aerossol vulcânico e o esgotamento de ozônio na estratosfera. Crédito: Divulgação NOAA/ UNIVERSITÉ DE LA RÉUNION
Durante o evento eruptivo em Tonga, uma quantidade gigantesca de vapor d’água foi lançada na estratosfera, onde está o ozônio, responsável por proteger a superfície terrestre dos raios ultravioletas. Na erupção, o vapor d’água salgado misturado a outros materiais vulcânicos, como o dióxido de enxofre e as cinzas, que compõem a pluma, reagem e formam compostos de cloro, que são capazes de enfraquecer o ozônio. As observações de sensoriamento remoto combinados aos dados coletados da pluma vulcânica puderam mostrar que a ativação heterogênea do cloro nos aerossóis vulcânicos umidificados foi a causa da perda massiva de ozônio ocorrida durante o evento.
Em apenas uma semana, o ozônio estratosférico acima da região tropical do sudoeste do Pacífico e do Oceano Índico diminuiu 5%. Esta diminuição de ozônio excede erupções anteriores, mostrando a natureza excepcional do evento de 2022, afirmaram os pesquisadores. Os efeitos da grande liberação de vapor d’água na estratosfera ainda serão observados em longo prazo até a dissipação total dos gases. Compreender as ligações difíceis entre as emissões vulcânicas e a química atmosférica oferece conhecimentos cruciais sobre as implicações das atividades dos vulcões nas alterações climáticas, acrescentam os cientistas. |
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