Sábado, 24 jun 2023 - 08h09
Por Maria Clara Machado
Pesquisadores norte-americanos acabam de publicar um novo estudo na revista especializada Geophysical Research Letters, revelando mais um recorde da explosiva erupção vulcânica em Tonga, ocorrida em janeiro de 2022. O despertar do vulcão submarino no Pacífico gerou a maior tempestade de raios da história.
Gigantesca erupção do vulcão submarino Hunga Tonga Hunga Haapai vista do espaço em 15 de janeiro de 2022. Crédito: NOAA
A imensa pluma de cinzas e material piroclástico da erupção de Tonga chegou a alcançar a mesosfera, aos surpreendentes 58 quilômetros de altitude, algo nunca observado antes numa erupção vulcânica. Foi a maior onda de choque já vista do espaço pelos satélites geoestacionários e que se propagou na atmosfera por todo o planeta. A erupção violenta do vulcão também elevou o nível do mar a 60 metros ao redor do cume e a força do evento produziu tsunamis em mais de 140 localidades ao redor do Pacífico. Um estudo feito pela Universidade da Califórnia alguns meses após o evento demonstrou que a erupção histórica em Tonga também gerou ventos impressionantes, muito mais intensos que um furacão categoria 5, observados acima da linha de Karman, uma divisão imaginária que separa da atmosfera terrestre até o Espaço exterior. Os cientistas concluíram que a velocidade dos ventos produzidos pelo vulcão atingiu 720 km/h medida por satélites.
Erupção em Tonga em 15 de janeiro produziu a maior onda de choque já vista do espaço. Crédito: NOAA Segundo os pesquisadores, mais de 200 mil raios ocorreram dentro da pluma vulcânica durante a poderosa erupção em Tonga, uma média de 2600 descargas elétricas por minuto. Os cientistas utilizaram informações de um satélite especializado em monitoramento de raios juntamente com registros em tempo real de antenas de rádio no solo a milhares de quilômetros de distância. Assim, a erupção criou mais raios do que qualquer outra tempestade já documentada na Terra, incluindo supercélulas e ciclones tropicais, concluiu o estudo. As descargas atingiram altitudes na faixa de 20 a 30 quilômetros. Segundo os cientistas, as novas descobertas mostram que uma pluma vulcânica suficientemente poderosa pode criar seu próprio sistema climático, mantendo as condições para atividade elétrica em alturas e taxas não observadas anteriormente. Por fim, o evento inédito de Tonga ganha ainda mais importância, pois fornece uma ferramenta valiosa para monitorar e prever os riscos de vulcanismo explosivo em todo o mundo. |
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