Terça-feira, 31 out 2023 - 09h59
Por Maria Clara Machado
Uma verdadeira aventura levou pela primeira vez cientistas ao cume do Monte Michael, na Ilha remota Saunders, que faz parte das Ilhas Sandwich do Sul, no extremo sul do Atlântico, já perto da Antártida. O vulcão abriga o oitavo lago de lava do mundo e estava sendo monitorado por satélites da NASA há pelo menos 22 anos.
Imagem ilustrativa do Monte Michael, na Ilha Saunders, no extremo sul do Atlântico Sul. Crédito: Divulgação Pete Bucktrout/British Antarctic Survey (BAS) Os satélites da NASA já enxergavam essa ilha desabitada perto da Antártida, quando em 2001 foi detectada surpreendentemente uma anomalia térmica e sinais de magma saindo da cratera, indicando que nas profundezas de um vulcão na região existia a presença de um lago borbulhante. Mas, devido à falta de imagens mais detalhadas e conclusivas, era difícil confirmar a hipótese. Os dados por satélites puderam, então, finalmente ser comprovados com a chegada dos vulcanologistas à Ilha, que conseguiram confirmar a existência real do lago de lava no Monte Michael. Emma Nicholson, vulcanóloga e professora da University College London, que integrou a expedição, afirmou com entusiasmo que os lagos de lava são ótimos laboratórios naturais para estudar os processos vulcânicos. Nicholson ressalta que em geral, o processo de movimentação do magma e liberação de gases fica nas profundezas de um vulcão e normalmente se interpreta os dados medidos na superfície. Entretanto, esses processos aparecem com evidência nos lagos de lava. Os pesquisadores puderam recolher dados em campo com o objetivo de conseguir mais informações para melhorar os modelos computacionais de atividade vulcânica. Imagem de satélite em cores falsas capturada em janeiro de 2018 da Ilha Saunders e do lago de lava no interior da cratera do Monte Michael. Crédito: Landsat8/BAS
Foram diversos obstáculos para o navio Australis chegar às Ilhas Sandwich, e depois à Ilha Saunders, ao extremo sul do Atlântico, enfrentando no caminho mar tempestuoso e restos de icebergs à deriva. Na subida ao topo do Monte Michael, o frio rigoroso e a falta de visibilidade para enxergar o lago, foram os principais obstáculos para a equipe. No fundo do buraco, os pesquisadores encontraram o que hoje é confirmado o oitavo lago de lava conhecido no mundo. Já se sabia que o tamanho do lago de lava do Monte Michael era aproximadamente de dois campos de futebol com uma temperatura chegando a 1279 graus Celsius. Um passo adiante poderá ser colocar em algum momento estações de monitoramento permanentes, que possam enviar dados em tempo real por satélite, declarou Nicholson. A expedição completa foi toda documentada e começou a ser exibida pelo canal National Geographic na última semana.
Imagem de satélite da Ilha Saunders, que abriga o oitavo lago de lava conhecido no mundo, adquirida em janeiro de 2000. Crédito: NASA |
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