Terça-feira, 4 jun 2024 - 10h11
Por Maria Clara Machado
Iceberg A-83 é o terceiro a se soltar de plataforma na Antártica em apenas 4 anos
Imagens geradas por satélites revelam o desprendimento do Iceberg A-83 da plataforma de gelo Brunt, no Mar de Weddell, na Antártica, no final de maio. O bloco de gelo é o terceiro de uma série de icebergs nascidos da plataforma nos últimos quatro anos.
![]() Detalhe do iceberg A-83 que acaba de se soltar da plataforma de Brunt, na Antártica. Crédito: Landsat9/NASA Imagens foram capturadas pelo Landsat-9 da NASA e fazem parte de um monitoramento especial que vem construindo registros de geleiras, plataformas de gelo, gelo marinho, ao redor do continente antártico, oceano Ártico e Groenlândia, durante o ano todo. São imagens térmicas em cores alteradas para facilitar a observação. Na comparação das imagens dos dias 20 e 22 de maio, é possível perceber o iceberg em movimento, pela lacuna que vai ficando maior, entre o bloco e a plataforma de gelo. Os tons amarelos e laranjas representam as áreas onde as temperaturas estão mais altas, indicado a água do mar ou gelo marinho fino, enquanto os tons azuis indicam temperaturas mais baixas, justamente a região de gelo mais espesso do iceberg e da plataforma de gelo Brunt. ![]() Imagem de satélite mostra o iceberg A-83 em 20 de maio. Crédito: Landsat9/NASA ![]() Imagem de satélite mostra o iceberg A-83 em 22 de maio. Crédito: Landsat9/NASA O Centro Nacional de Gelo dos Estados Unidos (NSIDC, sigla em inglês), que nomeia oficialmente os icebergs, confirmou a nomenclatura A-83 na listagem dos icebergs já descobertos. O glaciologista Christopher Shuman, da Universidade de Maryland, estima que o tamanho do iceberg atinja cerca de 380 quilômetros quadrados, o equivalente a cidade de Portland, em Oregon, ou quase o tamanho do município de Sorocaba, no interior de São Paulo.
O evento de maio de 2024, após oito anos, resulta justamente de um enfraquecimento prolongado do gelo na plataforma e da extensão progressiva da rachadura de Halloween. Segundo os cientistas, o rompimento dos icebergs faz parte de um processo natural. À medida que o gelo glacial flui da camada de gelo interior e se espalha pelo mar fica mais suscetível ao derretimento por cima ou por baixo e mais propenso a formar fendas e eventualmente se romper. Entretanto, os estudiosos destacam, que embora seja algo natural, a plataforma de gelo Brunt, assim como outras partes da Antártida, vem sofrendo com perda anual de gelo marinho, e por isso, têm ficado mais expostas à ação das ondas e dos ventos. Há apenas quatros anos, os icebergs A-74, A-81 e o mais recente A-83 se romperam da plataforma de gelo Brunt, em 2021, 2023 e 2024, respectivamente, diminuindo imensamente a área original. Uma imagem de radar capturada pela missão Copernicus Sentinel-1, da ESA, mostra o iceberg triangular A-83 em 22 de maio de 2024. Na imagem, também aparecem as demais áreas que abrigavam anteriormente os icebergs A-74 e A81. ![]() Imagem mostra posição dos últimos icebergs que se desprenderam da plataforma de Brunt. Crédito: Copernicus Sentinel-1/ESA
Atualmente a plataforma de Brunt, continua apresentando fraturas na sua superfície, como a Chasm2, observada por satélite e também monitorada constantemente. O rompimento do iceberg A-83 não ameaça a Estação de Pesquisa Halley VI do British Antártico Survey (BAS), que atualmente opera de forma remota. O local da estação na plataforma de gelo Brunt precisou ser transferido em 2017 para uma área mais segura, longe da parte que já estava ficando instável. ![]() Mapa mostra região de onde o iceberg A-83 se soltou. Crédito: NASA |
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