Sexta-feira, 15 mar 2024 - 10h04
Por Maria Clara Machado
A Grande Barreira de Corais da Austrália, Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO, está ficando cada vez mais em perigo. Cientistas apontam que os efeitos das mudanças climáticas na região avançam e estão causando um processo massivo de branqueamento jamais visto na imensa extensão dos recifes de corais.
Grande Barreira de Corais da Austrália vista do espaço. Crédito: NASA, by MISR - probably/ http://photojournal.jpl.nasa.gov/catalog/pia03401, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=163272 Os cientistas já sabem que o branqueamento dos corais em todo o planeta tem relação direta com o aumento da temperatura da água nos oceanos. Além do aquecimento global, diretamente relacionado ao fenômeno, eventos sazonais como o El Niño também podem desencadear o processo. O que está acontecendo na Grande Barreira de Corais na Austrália é assustador. São repetidos processos de branqueamento provocados pelo aumento da temperatura nos oceanos, o que pode ser fatal. Os primeiros sinais claros de deterioração do recife australiano começaram a aparecer em 2010. Uma análise recente de 300 recifes próximos à superfície a partir de aviões constatou a deterioração em massa e foi conformada por cientistas do governo australiano.
No fenômeno do branqueamento, as algas zooxantelas são expulsas dos corais e os esqueletos ficam visíveis, rompendo a relação benéfica mútua dos dois organismos. Imagem ilustrativa do processo de branqueamento e deterioração de corais. Crédito: Bruno de Giusti - Obra do próprio, CC BY-SA 2.5 it, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=1607113 As algas vivem nos tecidos dos corais, garantindo não só a coloração vibrante, mas fornecendo compostos orgânicos, produzidos por fotossíntese e ajudando no aumento da calcificação. Já os corais fornecem abrigo importante para a sobrevivência das algas. Após o processo de branqueamento dos corais, há a chance de serem recolonizados por algas, caso o ambiente se torne novamente adequado. Entretanto, mesmo após a reversão do branqueamento, os corais ficam mais vulneráveis. Por outro lado, dependendo da duração do branqueamento e das alterações ambientais, esse coral pode morrer.
De acordo com Derek Manzello, coordenador no monitoramento de risco de branqueamento de corais, da NOAA, “todo o hemisfério sul deve sofrer um branqueamento de corais este ano, e possivelmente, o pior até agora na história do planeta”. Não é à toa, pois a temperatura média da superfície dos oceanos vem batendo recordes sucessivos desde o ano passado. Também especificamente na área da Grande Barreira da Austrália, as temperaturas têm atingido máximas históricas nas últimas semanas, apontam os cientistas. Os corais vêm sendo expostos às temperaturas jamais vistas na região e o processo de branqueamento está ocorrendo em massa, com risco de uma deterioração total, caso a superfície do oceano não resfrie nas próximas semanas, alerta o especialista. Na Grande Barreira se observa que espécies de crescimento rápido se recuperam, mas o problema é que são “sensíveis ao calor e assim, ficam menos tolerantes ao próximo processo de branqueamento”, afirma Terry Hughes, também grande especialista de corais na Austrália. Imagem ilustrativa de corais saudáveis na Grande Barreira da Austrália. Crédito: Toby Hudson - Obra do próprio, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=11137678 São 2300 quilômetros de 3000 recifes de corais ao longo do litoral norte do estado de Queensland, no nordeste da Austrália. O visual é tão imponente que pode ser capturado do espaço! A Grande Barreira abriga centenas de espécies de pássaros, algas marinhas, corais, milhares de espécies de peixes e moluscos, além de espécies de cobras marinhas, tartarugas marinhas, baleias, golfinhos e botos. A estrutura foi eleita um dos patrimônios mundiais da humanidade em 1981. 2300 quilômetros de recifes formam a Grande Barreira da Austrália, ao largo da costa de Queensland. Crédito: Googlemaps |
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