Kiribati pode ser o primeiro país a desaparecer com o avanço do nível do mar

O arquipélago Kiribati, localizado na parte central do Oceano Pacífico, é considerado uma das regiões do globo mais vulneráveis às mudanças climáticas e corre o risco de ser o primeiro país a ser evacuado totalmente em razão do aumento do nível do mar.

Tarawa, capital de Kiribati, abriga quase a metade da população do arquipélago, ameaçado pelas águas do mar. Crédito: Joanne Lillie/divulgação Médicos Sem Fronteira.

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A região de águas cristalinas faz parte das inúmeras ilhas que compõe a Oceania, ao norte da Nova Zelândia e ao leste da Austrália e de Papua Nova Guiné. Kiribati é formado por 33 atóis, anéis circulares de coral em mar aberto e que surgiram ao longo do tempo sobre bancos de areia e processos vulcânicos submersos.

De todo o arquipélago sobre o oceano, só cerca de 800 quilômetros quadrados são de terra firme e que está desaparecendo com o avanço do mar.

Quase a metade da população, estimada em 120 mil habitantes no ano de 2021, se concentra em Tarawa, a capital de Kiribati. São faixas estreitas de terra e a maior elevação é de apenas 3 metros acima do nível do mar.

80% das famílias já relatavam problemas de sobrevivência por causa do aumento do nível do mar e de outros impactos climáticos em 2016, segundo informações da organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF).

O encolhimento de Kiribati
O avanço evidente das águas do mar sobre as ilhas de Kiribati nos últimos anos provoca inundações e erosões por toda parte. Casas foram abandonadas e sacos de areia e pneus são utilizados como barreiras de proteção.

Kiribati tem poucos recursos naturais, vive da agricultura de subsistência e da pesca, e é classificada como uma das nações mais pobres do mundo, com um dos menores PIB’s do planeta, dependendo essencialmente de importações e ajuda de outros países.

O aumento do nível das águas do mar obrigou a migração de várias ilhas para Tarawa, onde atualmente vivem mais de 50 mil pessoas.

O avanço das águas do mar traz um problema grave à medida que a salinização do solo aumenta, diminuindo a capacidade de cultivo e colocando em risco as reservas de água doce, dificultando assim o acesso à água potável.

As mudanças em razão do clima extremo, juntamente com o aumento do número de habitantes no pequeno território, agrava a situação da insegurança alimentar e consequentemente os problemas de saúde.

O alimento é caro e as dietas tradicionais, como o peixe, foram abandonadas e as pessoas não conseguem consumir as porções diárias recomendadas de frutas e legumes para se obter uma boa saúde, ressalta os Médicos Sem Fronteiras.

Mudanças Climáticas
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 30 milhões de pessoas precisaram ser deslocadas em 2020 e mais 22 milhões em 2021, por causa de catástrofes climáticas.

Localização do arquipélago Kiribati no Oceano Pacífico. Nação é apontada como uma das mais vulneráveis às mudanças climáticas. Crédito: GoogleMaps

O Banco Mundial também estima que mais de 200 milhões pessoas serão forçadas a se deslocar internamente em seus países, em razão de alterações do clima, nas próximas duas décadas.

Neste cenário está Kiribati, que corre o risco de desaparecer. O Banco Mundial elaborou relatórios pedindo ajuda à Austrália e à Nova Zelândia para acolher os imigrantes de Kiribati e outras ilhas do Pacífico ameaçadas pelo avanço das águas.

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