Sexta-feira, 18 nov 2022 - 09h44
Por Maria Clara Machado
Um estudo recente mais detalhado comprovou que a erupção do vulcão submarino Hunga Tonga Hunga Ha’apai, na região da Oceania, em 15 de janeiro de 2022, atingiu a maior altitude já observada e pela primeira vez alcançou à mesosfera. A análise mais aprofundada dos dados contou com a ajuda de satélites e veio reforçar as estimativas iniciais divulgadas pela Nasa em fevereiro.
Nuvem de cinza produzida na erupção de Tonga em 15 de janeiro de 2022 atingiu a altura máxima na história. Crédito: Divulgação Serviço Meteorológico de Tonga/NOAA A gigantesca pluma de cinzas atingiu o recorde de 57 quilômetros de altura, chegando à terceira camada da atmosfera, a mesosfera, que fica entre 50 e 80 quilômetros da superfície da terra. Até então, o recorde era da erupção vulcânica do Monte Pinatubo, nas Filipinas, em 1991, quando a nuvem de cinzas produzida na explosão chegou a 40 quilômetros de altitude.
Os satélites capturavam imagens da gigantesca nuvem a cada dez minutos após a erupção e o cruzamento de dados permitiu determinar com maior precisão a altura da coluna da pluma. Foram utilizadas, por exemplo, informações da temperatura do perfil da coluna da pluma, pois se sabe que quanto mais alto na troposfera, a primeira camada da atmosfera até 15 quilômetros de altitude, mais calor se perde. Entretanto, ao passar pela estratosfera, a segunda camada da atmosfera, a temperatura passa a subir novamente. A temperatura no topo da pluma ajuda, portanto, a estimar a altura. Somado a isto, outros métodos, envolvendo geometria, foram acrescentados para calcular a altitude final da pluma.
Ainda assim, a medição mais precisa neste processo recente de revisão é considerada importante pelos pesquisadores possibilitando análises mais detalhadas e os possíveis impactos da pluma, que chegou a cobrir uma área de 157 mil quilômetros quadrados no céu, segundo a NASA. Como uma erupção vulcânica e suas partículas nunca tinham alcançado a mesosfera existem algumas perguntas a ser investigadas, como por exemplo, o impacto a médio e longo prazo da dispersão das cinzas no meio ambiente e no clima da terra. Os pesquisadores também querem aprofundar os detalhes da composição da pluma e entender o que a impulsionou tão distante. Dentro da pluma há gases e elementos como gelo, dióxido de enxofre, dióxido de carbono que atingiram a mesosfera em cerca de 30 minutos, porém ainda não se tem uma reposta exata de quanto tempo permanecem nesta camada da atmosfera. O estudo recente está na revista de referência em publicações científicas Science.
Imagem de satélite mostra a gigantesca pluma do vulcão de Tonga na atividade do dia 15 de janeiro de 2022. Crédito: NOAA/NASA A erupção em Tonga foi uma das mais explosivas já vistas na história comparada a uma força centenas de vezes mais forte que a bomba atômica de Hiroshima e provocando ondas de choque que se propagaram pela atmosfera ao redor de todo o globo. O impacto gerou ondas de tsunami por todo o oceano Pacífico, que atingiram praias do Chile, do Peru, do Equador, Estados Unidos e até o Japão, entre outras localidades. |
Procure no Painel
|
Painelglobal.com.br - Todos os direitos reservados - 2008 - 2024