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Quarta-feira, 22 mar 2023 - 08h12
Por Maria Clara Machado

Novo relatório do IPCC diz que ainda é possível frear o colapso climático global

O novo documento elaborado pelo Painel Intergovernamental sobre o Clima (IPCC), da Organização das Nações Unidas, divulgado na segunda-feira, dia 20, é o último dessa década e faz uma síntese de ações emergenciais, que necessitam ser colocadas em prática com urgência na tentativa de frear o total colapso climático global deste século.

Mais de 3 bilhões de pessoas vivem atualmente em locais de risco e vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas. Imagem ilustrativa, ressaca no litoral de SC. Crédito: Rafael Imhof
Mais de 3 bilhões de pessoas vivem atualmente em locais de risco e vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas. Imagem ilustrativa, ressaca no litoral de SC. Crédito: Rafael Imhof

Este é o sexto Relatório Síntese divulgado pelo IPCC baseado em conclusões dos estudos sobre o clima de 278 cientistas de 65 países e passa a valer como referência para as próximas ações globais até 2030.

“Esse Relatório de Síntese ressalta a urgência de ações mais ambiciosas e mostra que, se agirmos agora, ainda podemos garantir um futuro sustentável habitável para todos”, declarou o presidente do IPCC, o sul-coreano Hoesung Lee.

Como afirmou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, o resumo de nove anos de estudos é uma espécie de “guia de sobrevivência”.

Saiba o que diz o relatório
De acordo com o novo relatório, as mudanças climáticas já são irreversíveis, mas ainda há condições viáveis e eficazes para limitar e reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa impedindo o aumento de mais de 1,5°C da temperatura média do planeta nos próximos anos.

O IPCC apontou os setores que necessitam de mudanças e medidas emergenciais a favor do clima, tais como a produção de alimentos, eletricidade, transportes, indústria, construções, uso do solo e a energia limpa.

Uma questão essencial apontada pelo IPCC são os recursos financeiros globais insuficientes para a adaptação de combate às mudanças climáticas, principalmente em países em desenvolvimento. Este tema, inclusive, foi um dos principais debates nas últimas Conferências do Clima da ONU.

O IPCC vem destacando o desafio de limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais como prevê o Acordo de Paris e afirma que as medidas governamentais tomadas até agora são insuficientes para atingir essa meta.

O mundo está enfrentando um aumento da temperatura global de 1,1°C acima dos níveis pré-industriais e os efeitos das mudanças climáticas estão cada vez mais evidentes em eventos extremos do clima. Atualmente, 3,6 bilhões vivem em locais de risco e vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas, aponta o relatório recente do IPCC.

Os extremos climáticos têm suas consequências diretas como as chuvas torrenciais, as enchentes, as ondas de calor, o aumento do nível do mar, entre outras, e eleva também a insegurança alimentar e os riscos à saúde e aos ecossistemas.

Os autores do relatório foram enfáticos em falar da justiça climática, em que todos os países desenvolvidos e em desenvolvimento precisam desta adaptação futura.

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Atitudes possíveis ainda podem salvar o planeta
Segundo o relatório, aprimorar sistemas de inovação tecnológica é fundamental para acelerar as ações e guiar as escolhas nesta década.

Algumas soluções de curto prazo são apontadas como possíveis pelos cientistas entre elas, o desenvolvimento de mais tecnologia para retirar carbono da atmosfera, o investimento na energia limpa, a preservação das florestas e o corte drástico de recursos para iniciativas poluidoras.

Há cerca de um ano, o relatório do IPCC mostrava que 2025 é o limite para que as emissões de gases do efeito estufa passe a cair, se a meta do Acordo de Paris quiser ser cumprida. Caso as ações continuem insuficientes, a temperatura média do planeta deve subir 1,5°C já entre os anos entre 2030 e 2035 devido às atividades humanas.

Na prática para desacelerar o aquecimento global, as emissões de gases precisam passar a cair constantemente nos próximos três anos e ter um corte drástico de mais de 40% até 2030, em relação ao período de 2010 a 2019, quando a média anual de emissões atingiu o patamar mais alto da história.

Em uma mensagem, Guterres fez um apelo para a antecipação das metas de neutralidade do carbono pelos países ricos o mais próximo possível de 2040. Já os países em desenvolvimento precisam alcançar essa meta até 2050, declarou o presidente da ONU. A neutralidade de carbono acontece quando a mesma quantidade de dióxido de carbono emitido na atmosfera também é removida.

O novo relatório sínese do IPCC mostrou evidências de que algumas das políticas climáticas como a aceleração do uso de energia renovável, por exemplo, começam a ter impacto positivo na redução das emissões globais. Ao mesmo tempo, o documento ressalta que alguns ecossistemas já estão esgotados e atingiram seus limites, sem um quadro reversível.

A próxima Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, a COP28, está programada para acontecer em Dubai em dezembro de 2023.

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