Satélite revela do espaço a maior seca do Rio Negro em 120 anos

Mais um recorde negativo foi registrado com uma nova diminuição das águas do Rio Negro, em Manaus, no Amazonas. O nível do rio caiu um pouco mais e está em 13,14 metros nesta sexta-feira, dia 20 de outubro. É a pior marca registrada em 120 anos de medição no porto da capital pelo Serviço Geológico do Brasil.

Detalhe da seca do rio Negro, no Amazonas, revelado por imagem de satélite da Nasa. Crédito: Earthobservatory/NASA

Quedas consecutivas
O nível do rio já tinha caído para 13,59 metros na última segunda-feira, dia 16, registrando o primeiro recorde negativo em mais de um século de medições. No decorrer da semana, a marca foi sofrendo mais quedas consecutivas.

A marca atual supera a estiagem de 2010, até então o recorde anterior, quando o nível do rio Negro atingiu 13,63 metros.

Nível do rio Negro chegou a 13,14 metros na medição da manhã do dia 20 de outubro. Crédito: Serviço Geológico do Brasil

A dimensão da seca do Negro, que é o maior afluente do Amazonas, é impactante e foi revelada do espaço por imagens de satélite da NASA.

O Landsat8 capturou uma imagem do rio Negro, na região de Manaus, no Amazonas, em 3 de outubro de 2023, em que é possível observar a grande extensão de areia nos tons em marrom em seu curso. Neste dia, o nível do Negro estava em 15,14 metros.

Seca do rio Negro observada por imagem de satélite em 3 de outubro de 2023. Crédito: Earthobservatory/NASA

A mesma região pode ser vista na imagem de satélite do dia 8 de outubro de 2022. A situação era completamente diferente e o nível do rio estava em 19,59 metros.

Imagem de satélite mostra situação do rio Negro, no Amazonas, em 8 de outubro de 2022, quando as águas estavam em nível normal. Crédito: Earthobservatory/NASA

Seca histórica
A seca histórica do rio Negro surpreende após dois anos da maior cheia, registrada em 2021, quando o nível do rio atingiu a marca de 30,02 metros em Manaus.

A grave situação este ano é resultado de um déficit de chuva na Bacia hidrográfica do rio Amazonas desde julho de 2023. Em algumas áreas da bacia amazônica choveu menos esse ano, dentro do período seco de julho a setembro, do que em qualquer outro ano desde 1980.

Especialistas apontam uma combinação de fatores para a seca histórica da Amazônia. A presença do fenômeno El Niño e o aquecimento acima do normal das águas do Atlântico tropical Norte, estão entre os fatores apontados pela forte redução das chuvas na região este ano.

Além disso, as queimadas e os incêndios que avançam e destroem a mata nativa é um forte agravante, destaque nesse cenário.

Você pode preferir ouvir essas informações e saber mais sobre o assunto no Podcast Novas projeções para o El Niño e a seca na Amazônia

Outras secas severas já ocorreram no Negro: em 2010 (13,63m), em 1963 (13,64m) e em 1906 (14,20m). O recorde de 2023 dessa semana ainda tem chance de ser novamente batido, pois as previsões indicam que o rio pode secar mais.

O período normal de chuvas na região amazônica acontece entre os meses de novembro a março. O retorno da chuva este ano será crucial, mas ainda deve ocorrer abaixo da média, segundo as previsões de clima.

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