Quarta-feira, 26 jul 2023 - 09h03
Por Maria Clara Machado
A onda de calor que atinge países do Mediterrâneo em julho de 2023 está de novo colocando regiões no limite de temperaturas já não suportáveis e incêndios devastadores com 40 vítimas fatais nos últimos dias. A Grécia, a Itália e a Argélia, estão entre as regiões mais críticas no momento e as imagens de satélite revelam os detalhes.
Área de incêndios ativos na ilha grega de Rodes em 19 de julho de 2023. Crédito: Landsat 8, NASA. O período prolongado de calor extremo levou o Observatório Nacional de Atenas (Meteo) colocar grande parte do país em alto risco de incêndio há mais de uma semana. Os incêndios florestais impactam com gravidade a ilha grega de Rodes, área turística da Grécia, além das ilhas de Corfu e Evia. Nesta quarta-feira, as temperaturas da nova onda de calor devem atingir o pico. Pelo menos 8,5 milhões de moradores continuam em alerta de calor extremo, com temperaturas acima de 41°C na maioria das regiões do país. Outras 120 mil pessoas enfrentam temperaturas acima de 45°C. Uma imagem de satélite do Landsat 8, da NASA, acima mostra a atividade de incêndios ativos, que começaram a eclodir na ilha de Rodes em 19 de julho e a fumaça espessa, observada a cerca de 700 quilômetros de altitude, indo em direção ao Mar Egeu. O primeiro foco em Rodes se espalhou relativamente devagar, para depois se expandir rapidamente entre os dias 21 e 23 de julho, no último fim de semana, aumentando seis vezes de tamanho, observaram os cientistas da NASA. O satélite capturou uma área queimando de 150 quilômetros quadrados. A missão Copernicus Sentinel-2, da Agência Espacial Europeia, capturou outra imagem recente do dia 23 de julho, mostrando um incêndio ativo na zona central da ilha de Rodes. Imagem de satélite destaca o grande incêndio na região central de Rodes em 23 de julho. Crédito: Copernicus Sentinel-2/ESA Focos de incêndios são capturados da ilha de Corfu, na Grécia, pelo programa Copernicus. Crédito: ESA
Os incêndios florestais na Grécia já provocam a maior evacuação da história do país. Crédito: divulgação via twitter @eu_echo O Corpo de Bombeiros grego já combateu mais de 500 incêndios por quase duas semanas. 64 deles começaram no domingo, dia 23, agravados pelas condições extremas do calor excessivo e dos ventos fortes, que contribuíram para espalhar as chamas. A área devastada pelos incêndios florestais já alcançou mais que o dobro para a média do período. Durante o combate às chamas na ilha de Evia, um avião caiu com dois pilotos a bordo na terça-feira. Mais uma vítima, um criador de gado, foi encontrado sem vida na região. O cenário atual lembra os incêndios apocalípticos que também atingiram o país e as mesmas ilhas no verão de 2021. Na ocasião, uma intensa onda de calor também castigava os países próximos ao Mediterrâneo. Especialistas já são categóricos que a atual onda de calor deva se tornar a mais longa já registrada na Grécia com temperaturas superiores a 40°C.
Os incêndios se agravaram na ilha da Sicília, no sul da Itália, e deixaram três vítimas fatais nos arredores de Palermo. As informações divulgadas por agências internacionais e a imprensa local são de que os bombeiros italianos combateram 1400 focos de incêndios entre domingo e esta terça-feira, sendo mais de 600 na Sicília e quase 400 pontos na Calábria. Ontem, os incêndios ainda ardiam nas colinas ao redor de Palermo e os aviões novamente precisaram operar para tentar conter as chamas. Já na Argélia, norte da África, banhada pelo mar Mediterrâneo, já chega a 34 o número de vítimas fatais nos recentes incêndios florestais, enquanto 8 mil bombeiros tentam sem parar conter as chamas.
Incêndios devastadores na Grécia também foram observados do alto pela Estação Espacial Internacional esta semana. Crédito: ISS/NASA As temperaturas chegaram a 47,6°C no leste da Sicília na última segunda-feira, se aproximando do recorde europeu de 48,8°C, registrado na ilha em agosto de 2021. O calor foi extremo também no norte da África, com temperatura de 49°C registrada na Tunísia esta semana. Estudos indicam que até 61 mil pessoas podem ter sido vítimas de ondas de calor extremo na Europa no verão passado. Mais um estudo relevante, conduzido por pesquisadores de diferentes instituições respeitadas, foi divulgado dia 25, afirmando que as ondas de calor extremo da Europa e dos Estados Unidos, observadas nas últimas semanas, são consequências diretas do aquecimento global e as ações humanas. |
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